O consumo de etanol hidratado acumulou queda de 17,1% de janeiro a julho de 2020, comparado ao mesmo período de 2019, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Mesmo com uma melhora no mês de julho, o número é similar ao registrado no balanço anterior feito pela entidade, que registrou uma retração de 16,7% nas vendas do biocombustível, considerando o primeiro semestre do ano.
No mês passado, foram consumidos 2,31 bilhões de litros de etanol, o maior volume mensal demandado desde março, quando tiveram início as medidas de isolamento social. Desse total, 1,51 bilhão de litros foram de etanol hidratado, um aumento de 12,9% em relação ao volume registrado no mês de junho de 2020.
De acordo com a Unica, a melhora na competitividade do bicombustível nos principais centros consumidores frente à gasolina nos últimos meses possibilitou a manutenção de uma elevada participação na matriz de combustíveis do ciclo Otto.
“No acumulado do ano, o índice, que mensura o volume de etanol hidratado e anidro consumido pela frota de veículos de passeio e carga leve, indica 47,0%”, afirmou a entidade, em nota.
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Etanol de milho americano
Além da queda na venda de etanol no mercado doméstico, o setor sucroalcooleiro vem travando outra batalha. Produtores brasileiros solicitaram ao presidente Jair Bolsonaro o fim das isenções tarifárias ao etanol de milho que o Brasil importa dos Estados Unidos.
Pelo acordo atual, que vence no final desse mês, os EUA podem exportar ao Brasil até 750 milhões de litros de etanol sem qualquer taxação, a partir desse volume a tarifa é de 20%. Assinaram o pedido de suspensão da isenção, a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), o Fórum Nacional Sucroenergético, a Unica, e a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).
As entidades pedem que o Brasil imponha ao etanol norte-americano as mesmas condições tarifárias impostas pelo EUA ao açúcar brasileiro. Atualmente, a taxa cobrada pelos Estados Unidos ao adoçante supera o valor do produto brasileiro.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas a produtos brasileiros, se o governo do Brasil não zerasse as taxas impostas ao biocombustível importado dos EUA, justificando reciprocidade.
Contudo, o secretário de assuntos internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Orlando Leite Ribeiro, revelou que o Brasil somente zeraria a taxa se os EUA fizerem o mesmo com o açúcar brasileiro.
“Não podemos falar de reciprocidade apenas em setores que interessam a um dos lados. Nesse sentido, o Brasil está disposto a conceder tarifa zero para a importação de etanol dos EUA, desde que eles estejam dispostos a conceder o mesmo tratamento para o açúcar brasileiro, ambos produtos derivados da cana”, afirmou Ribeiro, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Atualmente, as exportações anuais de açúcar brasileiro ao país norte-americano são pequenas, de apenas 300 mil toneladas. Somente em julho de 2020, o Brasil deve exportar mais de 3,3 milhões de toneladas de açúcar.
Segundo a Unica, na segunda metade de julho, a produção de açúcar no Centro-Sul atingiu 3,41 milhões de toneladas, quantidade 37,67% superior às 2,48 milhões de toneladas produzidas no último ano. No acumulado desde o início da safra 2020/2021 até 1º de agosto, o aumento na produção da commodity alcançou 47,64%, somando 19,73 milhões de toneladas.
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