Biocombustíveis

Como o mercado de gás pretende avançar sobre o diesel no Paraná

Desde 2020, Compagas mapeia rotas para estabelecer pontos de abastecimento a gás natural e biometano para frota pesada

Com corredores azuis, mercado de gás (GNV e biometano) pretende avançar sobre o diesel no Paraná. Na imagem: Ônibus 100% a biometano testado em Londrina (PR), conectado à bomba em posto de abastecimento de GNV e biometano (Foto: Cortesia Compagas)
Londrina (PR) testa ônibus 100% a biometano (Foto: Cortesia Compagas)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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Mapeamento da Companhia Paranaense de Gás (Compagas) vê no Brasil um potencial de substituir, por ano, cerca de 133 mil ônibus e caminhões a diesel pela tecnologia que permite abastecer com gás natural veicular (GNV) e biometano.

Essa renovação de frota criaria um mercado de 15 milhões de metros cúbicos/dia para o GNV.

Rafael Lamastra, CEO da Compagas, afirma que a tecnologia veicular está pronta e há infraestrutura de abastecimento a GNV. Falta organizar o mercado. Algo que a empresa começou a fazer no Paraná.

Um dos projetos tenta levar o gás para o transporte público metropolitano. Esta semana, o município de Ponta Grossa, no Paraná, começou a testar a viabilidade de integrar ônibus movidos a gás natural ao transporte público.

A iniciativa é resultado da parceria com a fabricante de ônibus Scania, para certificar indicadores de eficiência como redução de emissões e gastos com combustível.

O ônibus 100% a gás natural veicular (GNV) ficará em circulação por 30 dias. Ponta Grossa é a quarta cidade paranaense a receber o projeto, que começou pela Região Metropolitana de Curitiba e seguiu para a própria capital. Em junho, o mesmo veículo começou a circular por Londrina abastecido com biometano.

“Em Curitiba, comparando o ônibus a gás com o movido a diesel motor Euro 6, nós tivemos uma redução de 10% nos custos operacionais e de 19% nas emissões de CO2”, conta Lamastra.

Já o veículo a biometano que circulou em Londrina reduziu em 95% as emissões de CO2 em relação ao similar a diesel.

Corredores azuis

Outra frente é o mapeamento de corredores logísticos para criar uma infraestrutura de abastecimento a gás para o frete rodoviário, ao mesmo tempo em que aproveita a oferta de biometano produzido nas fazendas no interior.

Desde 2020, a empresa está mapeando rotas para estabelecer pontos de abastecimento a gás natural e biometano para veículos. Agenda que também está sendo discutida com o governo federal e outras distribuidoras de gás do país.

Mais de 50 rodovias já foram identificadas e o foco agora é implementar postos de abastecimento em localidades do interior e incentivar os operadores e as transportadoras a utilizarem as fontes alternativas ao diesel.

“Estamos fundamentalmente trabalhando na interiorização dessas rotas […] estamos implantando postos abastecidos com GNV ou biometano e estimulando os operadores e as transportadoras”, diz Lamastra.

Competitividade para substituir diesel

“Que o mercado de veículos pesados a gás vai acontecer, não tenho a menor dúvida”, diz Marcelo Mendonça, diretor Técnico e Comercial da Abegás.

“É importante discutir qual é a aceleração que queremos dar nesse mercado para que ele possa se desenvolver no curto prazo”, completa.

A defesa é pelo deslocamento do consumo de diesel fóssil, que hoje responde cerca de 44% da matriz de transportes.

“Entrar com o gás natural, permitindo a substituição do diesel, traz um benefício social e a redução da pegada de carbono”.

Um dos benefícios sociais seria a redução da importação de diesel, hoje na faixa de 23% do consumo.

“Se a gente cria uma política para reduzir a importação desse diesel, reduzindo a exposição aos preços internacionais, com a inserção do gás natural e biometano, a gente chega a 30 milhões de m3/dia, o equivalente ao mercado industrial brasileiro. Esse consumo ajuda na modicidade tarifária”.

Mendonça conta ainda que há mais de mil veículos pesados a gás e circulação no Brasil e que a infraestrutura para abastecimento a GNV que atende, principalmente, a frota leve, já chega a mais de 1,7 mil postos, 25% localizados nas principais rodovias.

A ideia da Abegas, da Compagas e de outras distribuidoras envolvidas no Corredor Azul, é partir dessa infraestrutura já existente para formar os corredores logísticos a gás, junto com incentivos como descontos no pedágio e no IPVA.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Mercado de carbono

Regulação do mercado de carbono é prioridade da transição ecológica,diz Alexandre Padilha. O ministro de Relações Institucionais indicou na terça (1/8) que a proposta do governo será apresentada via Senado, onde o debate sobre o tema está mais avançado com o PL 412/2022, relatado pela senadora Leila Barros (PDT/DF) na Comissão de Meio Ambiente.

Hidrogênio para aproveitar energia excedente

A Engie acredita que a produção de hidrogênio verde pode gerar uma nova demanda de energia capaz de resolver a sobreoferta de eletricidade que existe hoje no Brasil. Para o gerente de assuntos regulatórios e de mercado da empresa, Leandro Xavier, aproveitar a energia excedente para produção de hidrogênio é “fazer do limão uma limonada”.

Emissões na Amazônia

Emissões de gases pela Amazônia aumentaram 122% com Bolsonaro, mostra artigo da pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, que será publicado na revista Nature. Após nove anos de coleta de dados, a pesquisa conclui que, com o avanço desenfreado do desmatamento nos últimos anos, algumas regiões da Amazônia brasileira já emitem mais CO2 para a atmosfera do que capturam, revertendo o papel do ecossistema. Projeto Colabora

Questões ‘delicadas’ para COP28

Uma lista abrangente de “questões delicadas” para os Emirados Árabes Unidos, que sedia este ano a cúpula climática da ONU, estabelece as “mensagens estratégicas” aprovadas pelo governo a serem usadas em resposta às solicitações da mídia sobre questões como o aumento da produção de petróleo e gás e o tráfico de pessoas.

O documento vazado para o Guardian, no entanto, não contém referências a combustíveis fósseis, petróleo ou gás, mas mencionam energia renovável e hidrogênio. The Guardian

Fãs de K-pop contra o carvão

Na Coreia do Sul, jovens estão protestando contra a construção de uma usina de 2,1 GW a carvão próxima à praia de Maengbang, capa de um álbum da banda BTS.

O grupo de protesto Kpop4planet lançou a campanha Save the Butter Beach em 2021 com a organização sem fins lucrativos Korea Beyond Coal, para aproveitar a influência que os entusiastas do K-pop costumam exercer online e pressionar o governo a agir contra as mudanças climáticas.

Um total de 7,3 GW de capacidade de energia a carvão será adicionado na Coreia do Sul entre 2020 e 2025, e apenas 3,6 GW removidos, de acordo com dados do governo compilados pela Bloomberg.