Biocombustíveis

Cepea/Abiove: PIB da soja em 2025 deve crescer 11% com safra recorde e biodiesel

Produção recorde de 170,3 mi de toneladas de soja na safra 2024/25 e aumento do processamento industrial sustentam expansão

Processadora de grãos Caramuru inicia comercialização de etanol hidratado de soja em Sorriso, no Mato Grosso. Na imagem: colheitadeira de soja despejando grãos em caminhão (Foto: Agência Brasil)
Segundo a Caramuru, aplicação da soja na produção de etanol é pioneira (Foto: Agência Brasil)

O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel deve crescer 11,29% este ano, segundo estudo divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O levantamento aponta que a produção recorde de 170,3 milhões de toneladas de soja na safra 2024/25 e o aumento do processamento industrial sustentam a expansão. Com esse desempenho, o setor deve representar 21,1% do PIB do agronegócio e 6,1% do PIB nacional em 2025.

“Dentro da porteira, estima-se forte crescimento de 23,39% no PIB, o que se deve ao avanço da produção, que alcançou o recorde de 170,3 milhões de toneladas”, informou o Cepea/Abiove em nota.

O resultado decorre de aumentos de área e produtividade, impulsionados por tecnologia e clima favorável. Na agroindústria, a previsão é de alta de 4,02%, refletindo o ritmo intenso de esmagamento de soja, estimado como recorde.

“A demanda por óleo de soja, sobretudo para a produção de biodiesel, segue em expansão”, diz o estudo.

O relatório lembra que, desde 1º de agosto, a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel passou para 15% (B15), o que deve ampliar ainda mais o processamento no País. Esse efeito, contudo, ainda não foi computado nas estimativas atuais, baseadas em dados até o segundo trimestre.

Segundo o Cepea/Abiove, o PIB dos agrosserviços deve avançar quase 9%, e o de insumos, 2,72%. Os preços da cadeia permaneceram estáveis no segundo trimestre de 2025 frente ao mesmo período do ano passado, após altas em 2024 e desvalorização de produtos agroindustriais neste ano.

Com isso, o PIB gerado por tonelada de soja produzida e processada “poderá representar 4,45 vezes o PIB gerado pela soja produzida e exportada diretamente”, destacam as entidades na nota.

No mercado de trabalho, o número de pessoas ocupadas na cadeia da soja e do biodiesel cresceu 4,2% no segundo trimestre de 2025 ante igual período de 2024, totalizando 2,327 milhões de trabalhadores. A cadeia representa 10% da força de trabalho do agronegócio e 2,27% da ocupação total do País.

“O aumento de produção física e de processamento de soja gera demanda por agrosserviços”, observam os pesquisadores. O segmento de insumos teve alta de 4,51% no número de empregados, enquanto a agroindústria avançou 0,74% e os agrosserviços, quase 10%.

As exportações da cadeia somaram 49,68 milhões de toneladas no segundo trimestre, alta de 1,5% na comparação anual. A receita, contudo, caiu 8,3%, para US$ 19,47 bilhões, em razão da queda de 9,56% nos preços da soja em grão e de 15,7% nos do farelo, compensada parcialmente pela alta de 9,56% no óleo.

“A pressão sobre os preços veio da safra mundial recorde 2024/25”, explicou o Cepea/Abiove.

A China segue como principal destino da soja em grão, enquanto União Europeia e Sudeste Asiático lideram as compras de farelo. No óleo, a Índia mantém a liderança, com mais de 70% das exportações brasileiras do derivado.

Por Gabriel Azevedo

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