Biocombustíveis

CBIO recua a R$ 94 na última semana de março 

No início de março, os CBIOs chegaram a ser negociados a R$ 101,50, maior cotação nominal desde o início das negociações, em junho de 2020

CBIO recua a R$ 94 na última semana de março. Na imagem: Usina de etanol Unidade Sorriso, da FS, localizada na cidade de Sorriso, no Mato Grosso. É uma das maiores plantas de etanol 100% de milho do país, com capacidade para produzir 880 milhões de litros de etanol por ano e 190 mil MWh por ano de geração de energia (Foto: Divulgação/FS Bioenergia)
Unidade Sorriso, da FS, localizada na cidade de Sorriso, no Mato Grosso. É uma das maiores plantas de etanol 100% de milho do país, com capacidade para produzir 880 milhões de litros de etanol por ano e 190 mil MWh por ano de geração de energia (Foto: Divulgação/FS Bioenergia)
RECIFE — O preço médio dos créditos de descarbonização do RenovaBio (CBIO) recuou 5,38% na comparação semanal e fechou a semana de 28 de março a 1º de abril em R$ 93,68. Houve queda também no volume negociado, de 8,05%. Os dados são do Ministério de Minas e Energia (MME).

No início de março, os CBIOs chegaram a R$ 101,50 por título, maior cotação nominal desde o início das negociações, em junho de 2020.

Mesmo com o recuo, a média do mês ficou em R$ 97,90, bem acima da anual até 01/04, de R$ 86,07. 

Em termos de comercialização, os produtores de biocombustíveis já emitiram 17.301.511 CBIOs, 48,09% da meta para o ano fixada em 35,98 milhões. 

Desse total, 10.280.574 (28,57%) de títulos estão com as distribuidoras (a parte obrigada nas negociações); 4.453.464 (12,38%) com os produtores de biocombustíveis e 137.256 (0,38%) com a parte não obrigada (investidores).

Além do balanço de oferta e demanda, o preço do CBIO reage aos preços dos combustíveis, que vinham em uma trajetória de forte pressão inflacionária em 2021 (câmbio, estímulos e choques relacionados à covid-19).

O mercado agora está em uma nova fase de incerteza com a invasão da Rússia à Ucrânia.

O CBIO é um crédito de descarbonização de compra obrigatória pelas distribuidoras de combustíveis. O rateio é proporcional à venda de derivados de petróleo.

A emissão dos CBIOs, por sua vez, é feita por produtores de combustíveis renováveis, como etanol (a principal fonte), biodiesel e biometano.

É um dos pilares do RenovaBio, programa de descarbonização do setor brasileiro de transportes. Pela metodologia do programa, cada CBIO corresponde a 1 tonelada equivalente de carbono.

A meta anual de compra das distribuidoras é de 35,98 milhões de CBIOs este ano, e foram emitidos 14,607 milhões até o momento, 40% da meta anual.

As distribuidoras precisam reter o crédito de descarbonização no fim dos ciclos anuais para comprovação das metas, etapa chamada de aposentadoria.

Antes disso, os CBIOs podem ser negociados no mercado de balcão da B3 e comprados por outros investidores, sem obrigação de descarbonização dentro do RenovaBio.

Em 2021, as distribuidoras de combustíveis aposentaram 24.405.193 de créditos de descarbonização (CBIOs), 96,8% do total das metas individuais atribuídas a elas pela ANP e 98,2% da meta global estabelecida pelo CNPE para o ano passado. Das 142 distribuidoras, 118 cumpriram integralmente ou acima de 85%. 

MME quer desenvolver mercado de derivativos

O MME iniciou no dia 10 de março uma consulta pública para alteração na Portaria 419/2019 que regulamenta a negociação dos Créditos de Descarbonização do RenovaBio.

A proposta é possibilitar um mecanismo de compra e venda futura dos CBIOs, cujo objetivo principal, segundo o MME, é proteger as partes envolvidas (emissores e compradores de CBIOs) de oscilações bruscas nos preços do ativo.

O governo propõe quatro alterações:

  • Determinar que o escriturador seja cadastrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

  • Exigir da entidade registradora que deseje iniciar a oferta de registro do CBIO, a comprovação de interoperabilidade com as entidades registradoras que já operam com os CBIOs;

  • Incluir previsão de prestação de informações individualizadas, ao MME e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pelas entidades registradoras acerca das negociações existentes em suas plataformas;

  • Determinar que as instituições financeiras operem como contrapartes sem a necessidade de não identificação, como deve ocorrer entre emissores primários e compradores de CBIOs, com objetivo de implantar modalidade de compra e venda futura de CBIOs.

A consulta ficará aberta até 08 de abril. Os documentos estão disponíveis na página do MME. A alteração da portaria é um dos passos para desenvolver um mercado de derivativos para o CBIO.

O MME está trabalhando para desenvolver o mercado de derivativos com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e com a Bolsa de Valores B3

Segundo Pietro Mendes, secretário-adjunto de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, o crescimento do produto que, em 2020, negociou R$ 650 milhões, e, em 2021, R$1,17 bilhões, tem impulsionado o interesse pelo ativo.

Em 2030, a emissão deve alcançar 90,7 milhões de CBIOs e a integração do RenovaBio tanto com o mercado internacional quanto com o futuro mercado regulado de carbono do Brasil são outras preocupações.