Parceria entre a multinacional dinamarquesa Bunker One e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) vai estudar a viabilidade de adição de 7% de biodiesel ao óleo diesel marítimo.
A expectativa é que os resultados fiquem prontos em até oito meses.
Segundo a companhia, fornecedora global de combustíveis (bunker oil) e lubrificantes para navegação, o objetivo é aproveitar a experiência brasileira na produção de biodiesel – o país é o segundo maior produtor do biocombustível no mundo.
No longo prazo, a Bunker One espera se posicionar como fornecedora global de combustível marítimo com o biodiesel.
De acordo com Flavio Ribeiro, presidente da Bunker One, a empresa já desenvolve projetos deste tipo em outros países e o Brasil é um mercado importante.
Além de colaborar com o crescimento sustentável da navegação na região, o programa busca também criar uma alternativa para a indústria do biodiesel, impactada com a redução da quantidade de biodiesel na mistura com o diesel rodoviário.
“O mercado de navegação pode oferecer um ganho de escala ímpar ao setor do biodiesel e acreditamos que viabilizar a adição segura de biodiesel aos combustíveis marítimos é uma solução estratégica para o fortalecimento do Brasil”, afirma .
A estratégia se insere na corrida global para descarbonização do transporte marítimo.
A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) tem como meta reduzir pela metade as emissões de carbono do setor até 2050.
No Brasil, o governo federal estuda no programa Combustível do Futuro alternativas para descarbonizar o frete marítimo.
Testes vão avaliar armazenamento e desempenho
As pesquisas de campo vão ocorrer nos rebocadores da empresa em operação no Rio de Janeiro. Já os demais estudos serão realizados no Laboratório de Análises de Ambientais, Processamento Primário e Biocombustíveis da UFRN.
O trabalho, conduzido por sete pesquisadores da universidade, vai avaliar as misturas durante a armazenagem e a aplicação para identificar os gargalos tecnológicos e apontar caminhos para viabilizar o uso do biodiesel no setor.
A mudança poderá reduzir a dependência de combustíveis fósseis para o transporte marítimo, reduzindo emissões de gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos.
Clientes dispostos a pagar por frete sustentável
Levantamento do Boston Consulting Group (BCG) com 125 empresas que dependem de transporte marítimo mostrou que 71% pagariam mais caro por um frete neutro em carbono, enquanto 67% estão menos inclinados a trocar de fornecedor caso ele seja neutro em carbono.
Em média, os clientes afirmam que pagariam 2% a mais em um frete sustentável.
Apesar de ser um sinal positivo, ainda está longe do ideal.
O BCG calcula que a taxa teria de aumentar de 10% a 15% para financiar a transição do transporte marítimo rumo ao net-zero em 2050 — o setor precisa de US$ 2,4 trilhões em investimentos para zerar suas emissões e alcançar a principal meta do Acordo de Paris.