Biocombustíveis

BSBIOS planeja entrada no mercado de etanol com planta no RS

Empresa assinou protocolo com governo do Rio Grande do Sul nesta segunda (20)

BSBIOS planeja entrada no mercado de etanol com planta no RS. Na imagem, assinatura de protocolo de intenções BSBIOS e RS (Foto: Divulgação/BSBIOS)
Da esquerda para a direita: secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin; governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior; presidente da BSBIOS, Erasmo Carlos Battistella; subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira (Foto: Divulgação/BSBIOS)

BRASÍLIA — A BSBIOS, uma das maiores produtoras de biodiesel do país, decidiu entrar no mercado de etanol com a instalação de uma usina de processamento de cereais no Rio Grande do Sul.

Nesta segunda (20/6), o grupo assinou um protocolo de intenções com o governo do estado para incluir o projeto no programa Pró-Etanol do Rio Grande do Sul. O objetivo é aumentar a capacidade de produção do etanol no estado, que importa 99% de sua demanda.

Localizada em Passo Fundo (RS), onde a BSBIOS já opera uma usina de biodiesel, a nova unidade processará, quando totalmente instalada, 1.500 toneladas de cereais por dia para produzir 220 milhões de litros de etanol (anidro ou hidratado) e 155 milhões de toneladas por ano de farelo para a cadeia de proteína animal.

A BSBIOS prevê investimento de R$ 316 milhões na primeira fase de implantação de unidade que processará milho, trigo, triticale, arroz, sorgo, dentre outros cereais da chamada “cultura de inverno”.

Os investimentos serão realizados no segundo trimestre de 2023, com previsão de início das operações no segundo semestre de 2024. Segundo a BSBIOS, a partir de 2027, a nova usina deverá suprir 23% da demanda de etanol do estado.

“A iniciativa vai representar um incremento na oferta de farelo para as cadeias produtivas de proteínas animais, além de promover investimento em desenvolvimento de tecnologia genética para produção de trigo específico para produção de etanol e de ser uma oportunidade viável de renda para o agricultor com a cultura de cereais de inverno”, diz Erasmo Carlos Battistella, presidente da BSBIOS.

O protocolo assinado hoje estabelece tratamentos tributários em relação ao ICMS para aquisições de fornecedores localizados no Rio Grande do Sul de máquinas e equipamentos industriais e importações do exterior de máquinas e equipamentos industriais.

A partir de agora, a empresa deverá finalizar todos os estudos necessários, projetos de engenharia e a estrutura de financiamento para que a planta comece a operar na safra de trigo de 2024.

Nos próximos dias, a BSBIOS também assinará um protocolo de intenções com a prefeitura de Passo Fundo.

Pró-Etanol

Ao fazer parte da Política Estadual de Estímulo à Produção de Etanol (PL 292/20), que criou o Pró-Etanol, o projeto poderá aderir ao Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem) e ao Programa de Harmonização do Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Sul (Integrar).

“A questão da energia renovável dialoga sem dúvida nenhuma com o que nós pensamos em termos do que queremos ter aqui no Rio Grande do Sul. Temos um imenso potencial para a produção de etanol — a demanda interna chega a 1 bilhão de litros por ano”, disse o governador Ranolfo Vieira Júnior, durante a assinatura do protocolo.

Prevista para operar em duas fases, com processamento de 750 toneladas/dia de cereais em 2024 e de 1.500 toneladas/dia, em 2027, o projeto totaliza um investimento de R$ 556 milhões no período. O empreendimento deve representar um incremento de R$ 1,3 bilhão em faturamento anual para o ECB Group, do qual a BSBIOS faz parte.

A usina será flexível para a produção de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina) ou hidratado (consumo direto) com capacidade de 111 milhões de litros em sua primeira fase e, 220 milhões de litros quando totalmente instalada.

A unidade contará com autoprodução de energia elétrica com cogeração à biomassa e a oferta de energia excedente será disponibilizada na rede de distribuição do município.

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Alternativa à cana-de-açúcar

Como a região tem baixa condição para usar a cana-de-açúcar como matéria-prima, a nova fábrica vai processar 260 mil de toneladas por ano de cereais do Rio Grande do Sul e do Paraná, regiões que dividem a liderança da produção de grãos no Brasil.

A expectativa é aproveitar as áreas produtivas do estado e aumentar a liquidez para os cultivos de inverno, explica Giovani Faé, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa-Trigo, com quem a BSBIOS criou uma parceria para produção de novos materiais.

“Hoje nós já temos no portfólio de trigo e triticale (cereal de inverno utilizado na alimentação animal) com concentrações extremamente interessantes de amido para produção de etanol. Além disso, desenvolveremos ações de fomento junto aos atores da cadeia para estimular a produção de cereal de inverno como uma alternativa viável de renda”, conta Faé.

Outra parceria da BSBIOS será com a Biotrigo Genética, empresa líder de melhoramento genético do trigo na América Latina. A empresa está trabalhando no desenvolvimento genético de duas cultivares de trigo exclusivas para produção de etanol.