Brasil quer retomar influência na África com projetos de energia

RIO — O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, afirmou nesta quinta (15/6) que o Brasil fará uma expedição por países africanos nos próximos dias para prospecção de negócios na área de energia.

Na pauta, estão projetos de transição energética, etanol e minerais críticos para transição, que devem fazer parte da agenda da visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao continente, em agosto.

“Quanto à energia, nós estamos indo a uma viagem de prospecção agora, vamos ouvir quem está nas embaixadas, preparando a ida do presidente Lula em agosto”, disse Viana à agência epbr.

A intenção da visita é a retomada da influência do Brasil no continente, assumida nos últimos anos pela China.

“Estamos indo para a África com o Itamaraty (…) Vamos passar três dias discutindo como deve ser a volta do Brasil para a África. A China está lá”, afirmou o presidente da Apex.

Recentemente, países africanos criaram a Zona de Livre Comércio Continental Africana. Em vigor desde 2021, já é a maior zona de livre comércio do mundo, com 1,3 bilhão de pessoas e um PIB combinado de US$ 3,4 trilhões.

O governo enxerga grandes oportunidades em áreas nas quais o Brasil busca assumir um papel de liderança global, como a transição energética.

Em maio, o presidente Lula, durante comemoração do Dia da África, chegou a dizer que ela “está no coração das transições energética e digital. Assim como a América do Sul, o continente africano possui importantes reservas de minerais críticos, como lítio e cobalto, que desempenharão papel estratégico”.

Transição energética Sul-Sul

Para Viana, o Brasil deve liderar uma transição no Eixo Sul-Sul diferente de países europeus e dos Estados Unidos, menos focada na eletrificação e levando em conta os biocombustíveis.

“Ninguém avançou tanto em biocombustível como o Brasil, no etanol e biodiesel. A transição tem que ser à brasileira, a la Latinoamérica, com a África, tem que ser com a Índia”, disse o presidente da Apex.

“O Brasil pode trabalhar o carro híbrido, fazer a transição energética, gerar emprego, fazer as coisas que ajudam o agronegócio brasileiro, que ajuda o mundo a focar um pouco melhor”, completou.

Na comitiva que acompanhará membros do Itamaraty e Apex estará Evandro Gussi, CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). O executivo afirmou à epbr que tem expectativas positivas em relação ao novo governo nas agendas bilaterais.

Entre os países africanos que devem receber representantes do etanol brasileiro estão África do Sul, Moçambique, Etiópia e Nigéria.