Mechthild Wörsdörfer, diretora de sustentabilidade da Agência Internacional de Energia (IEA) defendeu o papel dos governos na transição energética, em especial no cenário de recuperação econômica pós-covid-19. Segundo ela, 125 países já apresentaram medidas ou projetos para reduzir as emissões, porém, apenas dez e os membros da União Europeia colocaram as metas em lei.
“Uma série de países estão construindo seus planos de recuperação, investindo trilhões em projetos de estímulos econômicos. E estamos vendo que energia e clima são parte disso” (…) “É uma chance de criar empregos, permitir o crescimentos da economia e também reduzir emissões”, afirmou a diretora da IEA, durante webinar do Climate Week New York City 2020.
Segundo dados levantados pela Energy Policy Tracker (EPT), os países que mais destinaram dinheiro público para energia limpa foram Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, e China.
Desde o início da pandemia, 53% de todos os recursos públicos para recuperação econômica dos países que integram o G20 foram destinados para o setor energético, dois quais pelo menos US$ 136 bilhões para projetos de energia limpa.
Segundo plano da IEA apresentado aos governos, em junho, nove milhões de empregos poderiam ser criados com o desenvolvimento de um sistema de energia mais resiliente e limpo, ao mesmo tempo que impulsionaria o crescimento econômico. O documento também apresentava que o impacto da pandemia do novo coronavírus no setor afetará principalmente os investimentos.
“Nós esperamos uma redução de demanda de energia de 6%, e também esperamos 20% menos investimentos, e com isso de 7 a 8% menos de emissões de CO2”, concluiu.
[sc name=”adrotate” ]
O diretor de novas energias da Shell, Maarten Wetselaar, também chamou a atenção para a importância dos governos na agenda climática.
“Não acredito que as externalidades da transição energética possam ser precificadas por outros que não os reguladores governamentais. (…) Precisamos de mandatos e intervenções governamentais na precificação do carbono para que o sistema funcione. Eu apoio fortemente isso”, diz Wetselaar.
O executivo defendeu que empresas do setor de óleo e gás devem trabalhar para acelerar a transição energética e cumprir as metas do Acordo de Paris, mantendo o aquecimento global abaixo de 1,5ºC.
“É realmente necessário que a indústria mude, mas penso que não está mudando rápido o suficiente (…) Temos a ambição de alcançar emissões zero até 2050. Acredito que todas as companhias no mundo deveriam ter essa ambição”, disse Wetselaar.
Em abril deste ano, a Shell anunciou seu plano de zerar suas emissões de CO2 em até 30 anos, deixando de ser uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia.
“Primeiro, [é preciso] encontrar oportunidades que evitem emissões. Umas das maneiras seria a eletrificação de baixo carbono, solar e eólica, e até mesmo o hidrogênio (…) Outro é reduzir as emissões, buscando eficiência nos processos de produção que já usam energia. (…) E o terceiro [ponto], é compensar as emissões”, concluiu o executivo da Shell.
[sc name=”newsletter” ]