Opinião

Biodiesel: perspectivas e os impactos positivos para o futuro do Brasil

B25 traria ganhos ambientais e econômicos. Setor já evitou 240 mi de toneladas de CO2 e movimenta 300 mil famílias de agricultores no Brasil, escreve André Lavor

André Lavor é CEO e co-fundador da Binatural (Foto Divulgação)
André Lavor é CEO e co-fundador da Binatural (Foto Divulgação)

Em um momento em que o mundo busca soluções concretas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o Brasil se destaca com um dos maiores potenciais para liderar uma transição energética sustentável.

E um dos pilares centrais dessa transformação é o biodiesel. Dados divulgados recentemente por instituições e órgãos de renome confirmam aquilo que nós, da Binatural, temos vivenciado de perto: o biodiesel é uma solução madura, estratégica e repleta de impactos positivos para o país.

Hoje, a mistura obrigatória do biodiesel ao diesel fóssil está em 14% (B14). Se o Brasil adotar uma política progressiva, aumentando essa mistura em 1% ao ano até 2035, chegaremos ao B25 com uma produção estimada de 20,9 bilhões de litros de biodiesel em 2034.

Esse avanço evitaria a importação de 60 bilhões de litros de diesel fóssil até 2037 — uma economia substancial para a balança comercial, reduzindo a dependência externa e fortalecendo nossa soberania energética.

Além do impacto ambiental direto, com a diminuição de emissões de gases de efeito estufa, o setor de biodiesel movimenta a economia nacional e impulsiona a geração de empregos.

Para cada 1% de aumento na mistura, 34 mil postos de trabalho são gerados, entre diretos e indiretos. Trata-se de uma cadeia que valoriza desde o pequeno agricultor até a indústria de alta tecnologia, promovendo inclusão produtiva e desenvolvimento regional.

Nos últimos 20 anos, o Brasil produziu cerca de 77 bilhões de litros de biodiesel. Isso significou uma economia de 38 bilhões de dólares com a redução das importações de diesel fóssil e evitou a emissão de 240 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Com o Selo Biocombustível Sustentável, o setor hoje gera renda para aproximadamente 300 mil famílias de agricultores familiares — número que tende a crescer com o aumento do mandato de biodiesel.

Outro ponto que merece destaque é o diferencial salarial do setor. O biodiesel paga, em média, 16% a mais do que o restante da agroindústria, valorizando o trabalho e atraindo mão de obra qualificada.

Muitas vezes, escutamos críticas infundadas sobre uma suposta competição entre a produção de alimentos e de biocombustíveis. No entanto, os dados mostram outra realidade.

O Brasil possui 851 milhões de hectares, dos quais 65% ainda são de vegetação nativa. A agricultura ocupa apenas 9,5% do território, enquanto as pastagens representam pouco mais de 20%. Desses, 28 milhões de hectares são de pastagens degradadas e plenamente recuperáveis, oferecendo uma oportunidade concreta de expansão agrícola sustentável.

Com o uso racional da terra e a produtividade agrícola invejável — em algumas regiões, conseguimos até três safras anuais —, é plenamente possível aliar a produção de alimentos com a de energia limpa.

Como bem disse Daniel Furlan, da Abiove: transformar a soja em alimento e biodiesel gera quatro vezes mais empregos do que sua simples exportação in natura.

O Brasil tem tudo para se firmar como líder global em bioenergia. O aumento progressivo da mistura do biodiesel ao diesel fóssil não é apenas uma meta energética: é uma estratégia de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Na Binatural, seguiremos comprometidos com essa missão, com inovação, sustentabilidade e, acima de tudo, com o futuro do nosso país.


André Lavor é CEO e co-fundador da Binatural.

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