Biocombustíveis e alimentos

Be8 receberá R$ 290 mi do BNDES para primeira fábrica de glúten do Brasil integrada ao etanol

Fábrica de glúten vital será implantada em Passo Fundo (RS), associada a uma planta de etanol de cereais

Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8 (Foto: Divulgação Be8)
Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8, afirma que novo parque fabril integra conceito de geração de energia renovável e produção de alimentos (Foto: Divulgação Be8)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 290,2 milhões para a produtora de biocombustíveis Be8 instalar a primeira planta do Brasil voltada à produção de glúten vital, a partir do processamento de 525 mil de toneladas por ano de cereais.

A nova unidade será implantada em Passo Fundo (RS), associada a uma planta de etanol de cereais que está em construção desde agosto de 2024, também com aporte do BNDES.

Segundo a Be8, a integração das duas instalações permitirá a otimização de custos e ganhos operacionais. Além disso, a proximidade das operações permitirá o aproveitamento direto do farelo da moagem de glúten no processo de hidrólise e posterior fermentação para etanol.

Considerando as duas operações, a Be8 estima alcançar uma produção anual de 209 mil metros cúbicos de etanol anidro e 25,6 mil toneladas de glúten.

A operação também irá gerar subprodutos como o farelo DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles), usado na indústria de ração animal. Anualmente, espera-se produzir 153 mil toneladas.

“Este é um parque fabril que integra um conceito importante de geração de energia renovável e produção de alimento, confirmando que esses dois desafios podem ser superados de forma conjunta”, explica Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8.

Extraído a partir da moagem da farinha de trigo, o glúten vital é utilizado como aditivo para melhorar a qualidade da farinha de trigo de panificação. Também está presente em medicamentos e itens de higiene pessoal, como cremes dentais e enxaguantes bucais.

O financiamento para a fábrica de glúten integra o Programa BNDES Mais Inovação, alinhado aos objetivos da Nova Indústria Brasil (NIB).

Redução de importações

O Brasil ainda não produz glúten vital, e precisa importar para o consumo interno. Dados da Associação Brasileira de Indústria de Trigo (Abitrigo) mostram que, em 2024, o país demandou quase 22,1 mil toneladas, um acréscimo de 1,07% na comparação com 2023.

A demanda é suprida principalmente por Áustria, China, Bélgica e Alemanha, que responderam por 66% de todo o glúten importado pelo Brasil. Na América do Sul, o único país com alguma produção é a Argentina.

A Be8 afirma que a produção de Passo Fundo terá como principal destino a indústria alimentícia nacional, mas há previsão de atender também demandas de outros países da América do Sul, sobretudo o Chile.

A unidade será instalada em uma localização estratégica: no seu entorno, em um raio de 200 km estão os municípios que respondem por mais da metade do cultivo de trigo do Rio Grande do Sul, estado que concentra a maior produção do cereal no país.

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