Biocombustíveis

Be8 contrata empréstimo vinculado a uso de óleo de cozinha

Crédito de R$ 90 milhões fechado com o Santander prevê redução de taxas mediante contrapartidas na produção de biodiesel

Entenda a definição de atacadista e varejista no mercado de combustíveis. Na imagem: Bomba em posto com abastecimento de biodiesel; e ao fundo ônibus urbano passando (Foto: Agência Brasil)
Posto com abastecimento de biodiesel (Foto: Agência Brasil)

BRASÍLIA – A Be8 garantiu um novo financiamento de R$ 90 milhões com o Santander Brasil, terceiro vinculado a metas específicas de carácter socioambiental.
Na operação, o banco reduz a redução na taxa de juros e, em contrapartida, a empresa deve utilizar óleo de cozinha usado (UCO, na sigla em inglês) como matéria-prima na produção de biodiesel.

O contrato prevê uma meta de ao menos 20 mil toneladas de UCO na fabricação do biocombustível. O óleo de cozinha usado, se descartado incorretamente, provoca danos nos sistemas de saneamento e representa um risco de contaminação de água limpa e do solo.

O volume reflete um aumento de 48% em comparação ao volume estipulado para 2022, em um financiamento anterior do banco à empresa.

É a terceira transação desse tipo realizada entre o Santander Brasil e a Be8 desde julho do ano passado, totalizando R$ 100 milhões em recursos já aportados.

“Para nós, é muito importante contar com esta parceria com o Santander porque ela credencia nossas iniciativas ESG e fortalece a crença de que somos, no Brasil, dentro de um modelo de economia circular, exemplo de utilização de matérias-primas e de produção de biocombustíveis com sustentabilidade, destacou Erasmo Battistella, presidente da Be8.

Produção em expansão

A utilização de UCO na produção de biodiesel registrou um aumento significativo de 30% no Brasil em 2022, em relação a 2021. O volume alcançado foi de 148 milhões de litros, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), compilados pela Be8.

O UCO representa aproximadamente 2,25% da matéria-prima utilizada na fabricação de biodiesel em todo o país. No entanto, na região Sudeste, essa participação é significativamente maior, atingindo cerca de 20%.

A Be8 tem planos de expandir a utilização do biodiesel de UCO. Ano passado, o insumo representou 4% da matéria-prima total utilizada para a geração do biocombustível.

Segundo análise da produtora, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do biodiesel de UCO podem ser até 80% menores do que as do diesel tradicional e até 40% menores do que as emissões de biodiesel feito a partir de óleo de soja virgem.

Resultados do programa

Na primeira operação do programa, uma instituição em Passo Fundo (RS) obteve licença ambiental para coletar óleo de cozinha usado de estabelecimentos comerciais e residências.

O objetivo era reduzir o impacto ambiental do descarte inadequado desse resíduo e aumentar, em até 15%, a renda das famílias envolvidas.

Foram instalados pontos de coleta e equipamentos para o transporte seguro do óleo coletado destinado à produção de biodiesel.

Em fevereiro deste ano, a Be8 fechou um contrato para estabelecer a coleta de 55 mil litros de UCO por mês.

Os planos da Be8

Em 2023, a Be8 anunciou a expansão de seu portfólio para incluir etanol, diesel verde, SAF (combustível de aviação sustentável), gás natural liquefeito (GNL), hidrogênio e amônia verdes.

O grupo também apresentou ao governo uma proposta de Plano Nacional de Transição Energética para incentivar o uso de biocombustíveis e combustíveis de baixo carbono.

Uma das iniciativas é desenvolver um novo cronograma para aumentar a mistura de biodiesel no diesel, visando atingir o mandato de 20% (B20).

O setor quer acelerar as metas atuais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que prevê a mistura de 15% de biodiesel (B15) até abril de 2026. Atualmente, o mandato vigente é de 12% (B12).