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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 15/07/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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A Bayer, multinacional alemã das áreas de saúde e nutrição, está substituindo gradativamente os caminhões a diesel usados no frete por opções menos poluentes, como veículos elétricos, movidos a gás natural veicular (GNV) ou biometano, além do transporte ferroviário.
O objetivo é diminuir a emissão de gases de efeito estufa, mas manter os custos sob controle – a companhia tem a meta de atingir a neutralidade de suas operações em 2030.
Chamada de Ecorota de ponta a ponta – Fase 1, a iniciativa começou em abril de 2021, com a adoção de transporte ferroviário entre Sumaré (SP) e Rondonópolis (MT).
Em junho, a Bayer fez a primeira entrega usando um caminhão elétrico, sem emissão de CO2, em Piracicaba (SP).
A rota é operada pela Toniato, de transporte, logística e engenharia.
“A adoção de modais sustentáveis de transporte não trouxe prejuízo algum para a eficiência de nossas operações. Foi uma decisão de custo zero, o que quebra o paradigma de que modernizar as operações e torná-las mais ecológicas e sustentáveis custa caro e é inviável numa perspectiva financeira ou de eficiência”, afirma Schirley Wirtti, líder de Cadeia de Fornecimento da Bayer Brasil.
Em entrevista à epbr, Schirley explica que investir em soluções mais limpas também é uma forma de tornar os fornecedores mais competitivos em avaliações internas da companhia.
“Em função da força da nossa marca, nossos fornecedores estão investindo em alternativas limpas, pois consideram que desenvolver isto junto à Bayer agrega valor aos seus negócios”, completa Schirley.
E saiu até mais barato. “Por enquanto, não tivemos custo adicional e sim, em termos gerais, uma pequena economia nos primeiros dois meses, de R$ 72 mil. Isto é possível porque temos influenciado os nossos fornecedores a investir nisto, como um mecanismo de marketing”, conta.
Segundo a multinacional, entre maio e junho, a adoção de modais sustentáveis evitou a emissão de 110 toneladas de CO2. Agora em julho, outras rotas devem ser lançadas.
Ainda não é viável, contudo, tornar todas as rotas sustentáveis.
Além disso, a redução de emissões de CO2 pode variar entre de 20% a 100% dependendo da opção adotada, calcula a companhia.
Para os próximos quatro meses, são esperados mais quatro veículos movidos a biometano e energia elétrica.
ENTREVISTA- Schirley Wirtti, líder de Cadeia de Fornecimento da Bayer Brasil
Essas soluções já estão competitivas ou o ganho com a emissão evitada entrou no balanço de sustentabilidade da empresa, por exemplo, redução de custo com o offset ou crédito de carbono?
Por enquanto, não tivemos custo adicional e sim, em termos gerais, uma pequena economia nos primeiros dois meses, de R$ 72 mil.
Isto é possível porque temos influenciado os nossos fornecedores a investir nisto, como um mecanismo de marketing (aproveitando a marca Bayer), como uma consequência da integração dos legados da Bayer e da Monsanto, o que torna nossa estratégia robusta e ajuda a amortizar os modais.
Investir em soluções mais limpas também é um jeito dos nossos fornecedores ficarem mais competitivos na nossa governança de avaliação mensal.
Agora, há limitantes de conjuntura e momento de mercado associados mais com o Brasil, pois nem todos os modais sustentáveis são viáveis ainda para todas as nossas rotas, por questões de autonomia dos veículos disponíveis para compra e falta de postos de combustível em algumas regiões, por exemplo.
São modais que podem ser viáveis em uma perspectiva de negócios, porém é sempre necessário analisar bem as rotas, os volumes e as características de cada modal, para que sejam possíveis.
Vocês falam em Fase 1. Quais são as outras fases?
Falamos de Fase 1 porque por enquanto estamos focando só em RJ, SP e MT, em uma escala inicial. Ainda não analisamos oportunidades em outros estados.
Esta Fase 1 tem o objetivo de ser o primeiro passo para continuar o trabalho nos próximos meses e anos.
Espera-se que o time procure continuamente, a partir de agora, novas oportunidades para materializar eventualmente uma Fase 2, 3, 4 etc.
Quais as tecnologias adotadas nos caminhões?
Para as entregas do veículo elétrico usamos o JAC iEV1200T, um veículo para várias entregas e testes.
Para as entregas de veículo GNV/biometano usamos o R410 e G410, onde teremos um atuando em agosto (R410), e um atuando em novembro (G410).
A previsão confirmada pelos nossos fornecedores é atuar com quatro destes veículos simultaneamente até o final do ano.
A princípio serão dois Scanias R410, um Scania G410, e um elétrico que está sendo analisado se será o JAC iEV1200T ou um veículo retrofit (que tinha um motor a diesel e foi transformado em um elétrico) feito com a empresa Eletra.
Mas isso deve aumentar nos próximos meses.
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Qual a características das rotas? Isso influencia na hora de viabilizar o negócio?
O projeto mistura e procura complementaridade entre vários tipos de modais, desde de longa autonomia (ferroviário), até modais de baixa autonomia (elétrico).
Procuramos usar os modais corretos com as características corretas e suficientes para tarefas específicas.
Como exemplo, enquanto o modal ferroviário transfere mercadoria entre SP e MT (1400 km e altas toneladas), o modal elétrico faz uma entrega importante e urgente para um cliente na região de Piracicaba (baixa em toneladas e curta em distância).
A escolha de qual modal usar para qual objetivo é uma questão de planejamento – os diferentes modais limpos são complementares.
O biometano é teoricamente abundante, mas está difícil viabilizar uma oferta firme e competitiva do combustível. Como vocês estão vendo essa questão?
Os veículos a gás que estamos considerando (Scania G410 e R410) podem ser abastecidos por GNV ou biometano.
Lamentavelmente o biometano ainda é escasso no Brasil.
Por enquanto estamos considerando o GNV, e em paralelo estamos procurando opções de desenvolvimento para biometano.
A prioridade é disponibilizar os recursos, ou seja, ter os veículos GNV/biometano, para ter a base disponível, e assim procurar posteriormente o melhor combustível possível (sendo biometano melhor que o GNV).
Essa transportadora vai oferecer para outros clientes além da Bayer?
Sim, pois não temos fornecedores exclusivos ou veículos que sejam propriedade só da Bayer. Contratamos serviços.
Como Bayer, nós focamos em criar e desenvolver a oportunidade do zero, influenciar os nossos fornecedores e o agro para que tenham os recursos e, quem sabe, impulsionar uma multiplicação de soluções limpas no mercado como um todo.
Curtas
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