BRASÍLIA — O presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés, estima que o aumento da mistura do biodiesel ao diesel fóssil vai demandar 650 milhões de litros do biocombustível para o segundo semestre.
Esse volume representa um incremento de até 7% na produção do biodiesel, em relação aos patamares atuais. E exigirá um esmagamento adicional de 700 mil toneladas de soja para cumprir a nova cota.
“Os associados da Ubrabio já vêm se preparando com investimentos em capacidade industrial, logística e inovação”, comentou Ferrés, que também é diretor da Granol, produtora de óleo de soja.
O grupo Potencial, por exemplo, investiu R$ 3 bilhões numa nova planta de esmagamento de soja, com capacidade de processar até 7 mil toneladas por dia, na unidade de Lapa (PR).
“Esse crescimento é completamente compatível com a potência da indústria nacional que já esperava esse aporte em março, quando era esperado o aumento da mistura”, afirmou o superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.
Aumento da mistura era um pedido do agro
A antecipação do cronograma do aumento das misturas de biocombustíveis, para agosto, foi aprovada esta semana pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
A expectativa é que a medida ajude a reduzir a dependência brasileira da importação de combustíveis fósseis.
O governo acatou pedidos do agronegócio. Os aumentos nos preços dos combustíveis no mercado internacionais, após mais uma escalada na guerra de Israel no Oriente Médio, abriu uma janela para justificar a elevação das misturas.
A decisão foi tomada em meio a pedidos por reforços no combate às fraudes no setor de combustíveis, num momento crítico em que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) passa por um novo corte de orçamento.
No começo do ano, os calendários para o aumento dos mandatos foram adiados justamente por causa da escalada de fraudes no cumprimento das misturas até então em vigor, de 27% para o etanol e 14% para o biodiesel.
A agência sofre, agora, uma nova crise orçamentária, após o congelamento de R$ 35 milhões pelo governo federal. A ANP já avisou que, por causa disso, vai precisar reduzir a fiscalização de postos e levantamentos de preços.
As principais entidades do setor de combustíveis divulgaram na terça-feira (24/6) um manifesto conjunto cobrando a revisão imediata dos cortes orçamentários no regulador.
A agência é uma autarquia federal independente, sem orçamento vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME). Os cortes, bem como a provisão orçamentária, são uma decisão do Planejamento, em resposta à trajetória fiscal indicada pela Fazenda. O orçamento, diminuto, é uma decisão conjunta com o Congresso Nacional.