Biocombustíveis

Aéreas querem explorar captura direta de carbono

Parceria entre a fabricante europeia Airbus e sete companhias aéreas vê na tecnologia um complemento a outras soluções de descarbonização, como os combustíveis sustentáveis

Aéreas querem explorar captura direta de carbono. Na imagem, aeronave Airbus A220-300 (Foto Airbus-Divulgação)
Aeronave Airbus A220-300 (Foto: Airbus/Divulgação)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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Sete companhias aéreas e a fabricante europeia de aeronaves Airbus anunciaram nesta segunda (18/7) que vão explorar oportunidades de “um fornecimento futuro de créditos de remoção de carbono da tecnologia de captura direta do ar”.

O grupo formado por Air Canada, Air France-KLM, easyJet, International Airlines Group, LATAM Airlines, Lufthansa e Virgin Atlantic, além da Airbus, vê na tecnologia um complemento a outras soluções de descarbonização, como o combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês), cobrindo as emissões remanescentes que não podem ser eliminadas diretamente.

O relatório Waypoint 2050 do Air Transport Action Group (Atag) calcula que serão necessárias compensações (principalmente na forma de remoções de carbono) — entre 6% e 8% — para quaisquer déficits remanescentes nas emissões acima da meta.

  • A tecnologia, conhecida como DACCS (sigla em inglês) envolve a filtragem e a remoção das emissões de CO₂ diretamente do ar usando ventiladores de alta potência.
  • Uma vez removido do ar, o CO₂ é armazenado de forma permanente em reservatórios geológicos.

“Como a indústria da aviação não consegue capturar na fonte as emissões de CO₂ liberadas na atmosfera, uma solução de captura direta e armazenamento de carbono no ar permitiria ao setor extrair a quantidade equivalente de emissões de suas operações diretamente da atmosfera”, explica a Airbus em nota.

A tecnologia também será estudada para a produção de combustível sintético de aviação.

As empresas formalizaram o interesse na DACCS por meio de cartas de intenções, onde se comprometeram a negociar a possível pré-compra de créditos ​​a partir de 2025 até 2028.

Os créditos de remoção de carbono serão emitidos pelo parceiro da Airbus 1PointFive — uma subsidiária da empresa Occidental Petroleum Corp Low Carbon Ventures.

A parceria inclui a pré-compra de créditos equivalente à remoção de 400 mil toneladas de CO₂ a serem entregues ao longo de quatro anos.

A 1PointFive deve começar no final deste ano a construção de uma instalação de captura direta e armazenamento de carbono do ar no Texas para remoção de até 1 milhão de toneladas de CO₂. O empreendimento deve entrar em operação até 2024.

Há um forte interesse das companhias aéreas em explorar remoções de carbono “acessíveis e escaláveis”, diz Julie Kitcher, vice-presidente executiva de comunicações e assuntos corporativos da Airbus.

“Estas primeiras cartas de intenção marcam um passo concreto para o uso desta tecnologia promissora tanto para o próprio plano de descarbonização da Airbus quanto para a ambição do setor de aviação de atingir emissões líquidas de carbono zero até 2050”.

Cobrimos por aqui

Etanol brasileiro no mercado de SAF

Para a estadunidense Honeywell, o Brasil poderá ocupar um papel importante na produção de combustíveis de aviação sustentáveis na rota conhecida como alcohol-to-jet (ATJ), que utiliza o etanol como base.

A rota ATJ vem sendo apontada como a única solução viável, no curto prazo, para atender à meta da aviação internacional de neutralidade em carbono até 2050. Um complemento à rota mais utilizada atualmente, que tem óleos vegetais, principalmente soja, e gorduras residuais como matéria-prima.

Entretanto, sozinha, a rota que utiliza óleos não será o suficiente.

“Se utilizarmos 100% da quantidade de commodities que estão disponíveis a nível mundial para se fazer SAF baseado na rota de HVO, talvez se consiga produzir até 5% apenas da necessidade de combustível de aviação global”, explicou o vice-presidente e gerente geral da Honeywell Performance Materiais e Tecnologias da América Latina, José Magalhães Fernandes, em entrevista à agência epbr.

E já tem empresa apostando na tecnologia por aqui.

Embraer e Raízen assinaram no domingo (17/7) uma carta de intenções para desenvolver a cadeia de produção de SAF. Entre as intenções, a Embraer irá se tornar a primeira fabricante de aeronaves a consumir SAF que poderá ser distribuído pela Raízen, produtora de etanol.

Em nota, a Embraer afirma que o uso da tecnologia é parte fundamental da sua estratégia para neutralizar a pegada de carbono das operações até 2040, uma vez que mais de 60% das emissões nas operações da empresa (escopo 1) decorrem do uso de querosene de aviação em ensaios e voos de produção.

A fabricante brasileira de aeronaves quer chegar a 2030 com misturas de SAF representando 100% do seu consumo de combustível no Brasil.

Para a agenda

19/7 — O Conselho Internacional de Aeroportos (ACI World) fará um apelo conjunto aos representantes governamentais no Encontro de Alto Nível organizado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), para que cheguem a um acordo sobre um Objetivo Desejado de Longo Prazo para reduções de emissões de CO₂ alinhadas à meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.

O encontro acontece em Montreal, no Canadá, entre os dias 19 e 22 de julho, com participação de representantes da indústria da aviação, ministros e representantes dos governos, que examinarão os resultados do Comitê de Proteção Ambiental da Aviação da OACI e buscarão assumir compromissos políticos na preparação para a 41ª Sessão da Assembleia da OACI, evento trienal que estabelece a política mundial da organização para os próximos três anos.

20/7 — O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) realiza, nesta quarta-feira (20), às 11h, o evento online Hidrogênio na transição para o NetZero. Com inscrições gratuitas, o encontro conta com a participação do gerente geral para Argentina e Brasil da Air products; Marco Alverà, CEO da Tree Energy Solutions e co-fundador da Zhero; além dos representantes do CEBRI. A transmissão será conduzida em inglês e não terá tradução simultânea.

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