O auxílio para compra de diesel, anunciado por Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta (21), pode comprar até 83 litros de diesel pelos preços praticados mais recentemente.
A proposta do governo é que o benefício voltado para 750 mil caminhoneiros autônomos seja de R$ 400 mensais.
Na região Sul, que tem o diesel mais barato com preço médio de R$ 4,79 por litro, segundo dados da ANP da semana passada, seria possível comprar cerca de 83 litros do combustível com o valor da bolsa.
Não chega nem à metade de um tanque de caminhão, que tem entre 300 a 500 litros de capacidade para combustível.
No caso do Centro-Oeste, região com diesel mais caro do Brasil, o benefício previsto por Bolsonaro só poderia custear 77 litros.
O auxílio não convenceu os caminhoneiros. O presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, deputado Nereu Crispim (PSL/RS), avaliou que a solução dada pelo governo não resolve o problema do preço dos combustíveis.
“Ele [Jair Bolsonaro] está dando uma esmolinha aí para os caminhoneiros. Ele tem que mudar a política de preço da Petrobras e criar imposto em cima da exportação de petróleo bruto, senão não adianta”, disse à epbr.
Apesar do anúncio, o Executivo ainda não especificou de onde sairá o valor para financiar a iniciativa.
É possível que seja bancado pelo novo acordo do governo com o Congresso em revisar as regras de correção do teto de gastos, o que poderia abrir cerca de R$ 80 bilhões no Orçamento de 2022 e seria usado para custear o Auxílio Brasil.
Lideranças da categoria mantém a indicação de paralisação em protesto ao aumento dos preços dos combustíveis e a política de preços da Petrobras com paridade de importação.
Está marcada uma greve para o dia 1º de novembro, mas o governo não aposta em grande adesão da categoria.
Nesta quinta, pelo menos dois estados — Rio de Janeiro e Minas Gerais — registraram suspensão temporária de serviços de caminhões tanques de combustíveis, próxima a refinarias e bases de abastecimento.
Deputado propõe fundo de estabilização a partir de tributação das exportações
Além de estar no comando da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, o deputado Nereu Crispim tem defendido a criação do fundo de estabilização dos preços dos combustíveis como alternativa para a volatilidade dos valores praticados nos postos.
É uma proposta semelhante ao que o governo já vinha estudando desde o início do ano, mas não saiu do papel por falta de indicativos sobre a fonte de financiamento para a nova despesa.
Ele é autor de um projeto que cria o fundo e propõe taxar as exportações de petróleo bruto como forma de abastecê-lo constantemente.
Segundo o parlamentar, seria uma maneira de incentivar que as empresas deixassem de exportar a matéria-prima para fomentar o refino brasileiro, com consequente redução das importações.
“Essa importação ocorre em razão da política de preços de paridade de importação. Para um litro de diesel vendido a R$ 4,64 na bomba, R$ 2,45 são destinados à Petrobras”, diz.