RIO — Apesar das perspectivas de declínio do consumo de combustíveis fósseis a partir de 2026, no transporte, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) aponta que um novo aperto no mercado de diesel – a exemplo do ocorrido em 2022 – não é um cenário a ser descartado para os próximos anos.
O novo relatório da IEA, sobre as perspectivas de médio prazo para a indústria petrolífera, mostra que o aumento líquido esperado na capacidade de refino global até 2028, de 4,4 milhões de barris/dia, supera o crescimento da demanda por derivados.
No entanto, “as tendências contrastantes entre os produtos significam que uma repetição do aperto de 2022 nos destilados médios [como diesel e querosene de aviação] não pode ser descartada”, cita a agência.
A IEA destaca que, embora o cenário seja de sobreoferta, os refinadores podem precisar mudar o mix de seus produtos para atender às mudanças no perfil de consumo.
Ao mesmo tempo em que a demanda por combustíveis para transporte rodoviário deve entrar em declínio, o setor petroquímico, por exemplo, vive um crescimento robusto.
“A política de produção chinesa será fundamental para os mercados globais”, pontua a agência.
Segundo a IEA, um alinhamento próximo das refinarias à demanda por matérias-primas para o setor petroquímico “pode deixar os mercados de destilados médios muito apertados até 2028”.
Preços começam a ceder
Por ora, o mercado vive um momento de alívio. Um relatório da Wood Mackenzie apontou, recentemente, que a “tempestade perfeita” passou e que as margens do refino voltaram às tendências de longo prazo, depois dos patamares recordes em 2022.
A expectativa é de margens abaixo das médias em 2024 e que a “lucratividade do refino será muito menor nos próximos trimestres”.
De acordo com a consultoria, a invasão da Rússia à Ucrânia desencadeou a “tempestade perfeita”, na esteira da falta de investimento em novas refinarias e do fechamento de unidades mais antigas durante a pandemia. Deixou o setor de refino vulnerável a um choque de oferta.
As sanções impostas às negociações com a Rússia criaram uma expectativa de bloqueio ao petróleo e derivados russos, agravando o impacto nos preços, segundo a Wood Mackenzie.
As margens de refino subiram para quase 10 vezes a média de cinco anos. Indicador global da Wood Mackenzie atingiu US$ 25 por barril em junho de 2022.
Este ano, essa cesta de produtos recuou 70% em abril, em relação aos picos de 2022 — chegando a cair abaixo da média histórica de cinco anos em alguns momentos.
Segundo a consultoria, a queda dos preços dos produtos foi rápida por diversas razões: o banimento de supridores russos não se materializou; o inverno mais ameno no Hemisfério Norte e uma economia global fraca reduziu os preços do petróleo; e novas refinarias entraram em operação.