Glasgow – Na abertura da COP26, a secretária executiva da Convenção do Clima (UNFCCC) da ONU, Patricia Espinosa, reconheceu que a meta de mobilizar investimentos totalizando US$ 100 bilhões anuais para o combate a mudanças climáticas será insuficiente.
“Não é somente sobre os US$100 bilhões. Precisamos mobilizar trilhões,” disse ela no primeiro dia da COP26, no Reino Unido. “Estamos em um ponto crucial da história”.
Espinosa defendeu a adoção de medidas rígidas para que o mundo consiga alcançar a meta de redução de emissões suficientemente para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Caso contrário, precisaremos aceitar que a humanidade enfrenta um “futuro sombrio neste planeta”.
Em coletiva de imprensa, o presidente da COP26, Alok Sharma, ressaltou a necessidade de compromissos mais firmes por parte do setor privado para que se amplie as fontes de financiamento comprometido com o combate às mudanças climáticas.
“Estamos tentando vincular as negociações [na COP26] a compromissos de governos, mas também a compromissos do setor corporativo e de atores não-estatais. Acredito que veremos nesta COP mais compromissos de atores não estatais,” disse. Ele ressaltou também a necessidade de incluir o setor privado na luta contra o desmatamento.
„Success is entirely possible.“
UN Climate Change Executive Secretary Patricia Espinosa at the #COP26 opening. pic.twitter.com/FMTLo8Wk7S
— UN Climate Change (@UNFCCC) October 31, 2021
Revisão de metas: mais ambição
Como os compromissos de países em relação à redução de emissão são voluntários, com as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), um tema crescente para a COP26 tem sido a possibilidade de que as metas declaradas pelos governos não sejam suficientes para limitar o aquecimento global a níveis considerados aceitáveis por cientistas.
A presidência da COP26 começa a reunião já ciente da provável necessidade de fechar esta lacuna.
“Obviamente, qualquer conclusão será feita em uma base de consenso. Mas certamente ouvi em Londres e no pre-COP em Milão que há um consenso emergente de que os países podem ter que olhar novamente para as metas de emissão se não formos capazes de fechar a lacuna de ambição,” disse Sharma.
Em julho de 2021, mais de 50 ministros e representantes de alto escalão se reuniram em Londres para discutir suas expectativas para a COP26, e fornecer orientação sobre questões pendentes nas negociações. Posteriormente, ministros se reuniram em Milão para a pré-COP, a última reunião antes da conferência de Glasgow.
“Eu descreveria a COP26 como uma liderança importante no jogo público. Haverá mais COPs, mas também está claro que também é uma década importante e é por isso que precisamos que os países, as partes apresentem alguns acordos sobre como fechamos esta lacuna de ambição,” disse o presidente.
Patricia Espinosa ressaltou que uma maior ambição é necessária para que se atinja progresso em todos os elementos relacionados com mudanças climáticas.