Diálogos da Transição

Colômbia lança estratégia verde em busca de investimento internacional

Colômbia quer se tornar um centro de negócios sustentáveis na América Latina e lança estratégia para atrair investimentos em transição e bioeconomia

Colômbia lança estratégia verde em busca de investimento internacional. Na imagem: Visão aérea de Bogotá, a capital da Colômbia, que tem uma das maiores frotas eletrificadas da América Latina (Foto: Divulgação/ProColombia)
Visão aérea de Bogotá, a capital da Colômbia, que tem uma das maiores frotas eletrificadas da América Latina (Foto: Divulgação/ProColombia)

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Editada por Nayara Machado
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A Colômbia quer se tornar um centro de negócios sustentáveis na América Latina e está lançando uma estratégia para atrair investimentos internacionais em transição energética e bioeconomia.

O trabalho, coordenado pelo Ministério do Comércio, Indústria e Turismo e a agência governamental ProColombia, começará com a segmentação de mais de 300 empresas que podem ser atraídas para desenvolver negócios sustentáveis no país, e identificação de 60 novas oportunidades concretas de investimento sustentável.

“Queremos promover projetos internacionais que contribuam para compensar as emissões. Além disso, pretendemos promover oportunidades de investimento em transição energética, economia circular, turismo sustentável e bioeconomia”, conta Carmen Caballero, presidente da ProColombia.

Com isso, a Colômbia espera exportar produtos e serviços de baixo carbono a outros mercados das Américas.

É também uma forma de viabilizar iniciativas para enfrentar a crise climática, transformando setores que mais contribuem com as emissões locais, como agricultura e florestas, energia e transporte, além de mineração.

Durante sua campanha vitoriosa para presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro prometeu que seu governo iniciaria uma transição na economia colombiana, preparando o terreno para abandonar a dependência de combustíveis fósseis em 15 anos ao privilegiar fontes de energia limpas.

  • Desde que assumiu o cargo em agosto, Petro já se moveu para proibir o fracking, com projetos de lei em revisão.

Um desafio e tanto, considerando o peso da indústria de óleo e gás na economia do país latinoamericano. Mas não é impossível.

Com compromisso de emissões líquidas zero até 2050, Colômbia almeja capacidade de eletrólise de 1-3 GW para hidrogênio verde e 50 mil toneladas/ano de hidrogênio azul até 2030.

Os esforços de transição se concentram na implantação de veículos elétricos e 4 GW de nova capacidade de eletricidade renovável até 2030, juntamente com o desenvolvimento de infraestrutura.

Além disso, espera que as futuras receitas com créditos de carbono apoiem a redução gradual de combustível fóssil.

Vocação de sustentabilidade

“Com a estratégia de atração de investimentos sustentáveis, desejamos atrair projetos com vocação de sustentabilidade, que contribuam para reduzir a pobreza, participar do desenvolvimento econômico e permitir um crescimento que seja sustentável e inclua as regiões e comunidades”, explica Caballero.

O país já conta, por exemplo, com uma legislação que favorece a eletrificação do transporte público. E a capital Bogotá lidera a eletrificação na América Latina, ao lado de Santiago, no Chile.

A estratégia lançada agora pretende também inserir pequenas empresas do país em uma cadeia global verde — além de criar empregos na chamada transição justa.

Ainda assim, é preciso acelerar. Análise do think tank Climate Action Tracker aponta que as políticas e ações atuais são incompatíveis com o limite de 1,5°C até o fim do século — e até mesmo sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris.

Para intensificar a ação climática, a Colômbia também deve assinar a saída do carvão — intenção indicada pelo presidente Petro — e fortalecer a meta de veículos elétricos até 2030, junto com a infraestrutura de carregamento. Veja a análise (em inglês)

Cobrimos por aqui

Ajuste de fronteira

Formuladores de políticas da União Europeia chegaram a um acordo histórico hoje (13/12) para impor um preço de emissões a algumas importações, na tentativa de equalizar o preço do carbono pago por produtos da UE.

Após horas de negociações noturnas, os governos da UE e o Parlamento Europeu discutiram os principais detalhes do Mecanismo de Ajuste de Fronteiras de Carbono, cuja implementação começará com obrigações de relatórios em outubro de 2023. Ele cobrirá setores intensivos em carbono, como cimento, aço, fertilizantes de alumínio e produção de eletricidade e hidrogênio. Bloomberg

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Disputa

A China está trabalhando em um pacote de suporte de mais de US$ 143 bilhões para sua indústria de semicondutores, disseram as fontes, em um grande passo em direção à autossuficiência em chips e para conter os movimentos dos EUA. Reuters

Hidrogênio no Egito

A britânica bp assinou um memorando de entendimento (MoU) com o governo egípcio para avaliar a produção de hidrogênio renovável em grande escala no país do norte da África. Sob o MoU, a bp realizará vários estudos para avaliar a viabilidade técnica e comercial de desenvolver um centro de exportação de hidrogênio verde.