A agenda de colaboração bilateral em energia do Reino Unido com o Brasil ainda terá espaço para projetos de gás natural.
Em seus esforços para acelerar a transição energética, o governo do Reino Unido quer parar de financiar combustíveis fósseis ao redor do mundo, mas acredita no gás natural como o combustível dessa transição.
Apesar de ser um combustível fóssil, o gás natural está na ordem do dia das colaborações internacionais e formulações de políticas públicas, combinado com fontes de energia neutras em carbono, como eólica, solar e hidrogênio verde.
“Atualmente, este trabalho se concentra no gás natural como combustível de transição, biocombustíveis, biogás, eólica offshore, armazenamento de energia solar e smart grid”, explica a embaixadora interina do Reino Unido no Brasil, Liz Davidson.
Esse entendimento reforça a parceria entre os dois países por meio do programa de energia britânico Prosperity Fund, que apoia o desenvolvimento e implantação de tecnologias limpas no Brasil.
Estou muito feliz em dar mais um passo em nossa colaboração com @RomeuZema e o @governomg ao assinar hoje um promissor acordo nas áreas de desenvolvimento econômico verde e geração de empregos e investimentos que apoiem a descarbonização da economia mineira. (+) pic.twitter.com/OjQca454U0
— Liz Davidson (@LizDavidson_UK) December 4, 2020
Em nível municipal, alguns projetos já estão em andamento, como a cooperação entre as cidades Aberdeen, no Reino Unido, e Macaé, no Rio de Janeiro.
“Consideradas as capitais do petróleo em seus respectivos países, as duas cidades irão colaborar na área de transição energética, com a ambição de avançar a atividade de eólica offshore”, afirma Liz Davidson.
Em dezembro, o Ministério de Minas e Energia e o Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido assinaram um acordo de cooperação estabelecendo o compromisso mútuo de trabalhar para desenvolver tecnologias limpas e mercados eficientes, descarbonizar a produção de petróleo e gás e acelerar o investimento em energias renováveis no Brasil.
O Reino Unido também assinou um acordo com o governo de Minas Gerais.
O memorando visa a cooperação em projetos de agricultura de baixo carbono e bioenergia. O estado tem projetos de empresas britânicas como a futura fábrica de células de baterias de lítio-enxofre da Oxis Energy, em Juiz de Fora, além de atividades da BP Bunge Bioenergia, Faro Energy, Atlas, Green Fuels, Anglo American e Aggreko.
Com o desdobramento do acordo, serão estabelecidas ações voltadas ao enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas, bem como à transição energética e, a partir disso, elevar Minas Gerais a um Estado referência na temática no Brasil e apresentá-lo como tal na COP26.
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Fim do financiamento público para fósseis
Os detalhes do projeto do primeiro-ministro Boris Johnson para pôr fim a novos apoios financeiros para combustíveis fósseis serão definidos após um processo de consulta pública promovido pelo governo britânico, com conslusão prevista para esta semana.
Mas a proposta é eliminar qualquer nova assistência oficial ao desenvolvimento, investimento, crédito à exportação e atividade de promoção comercial na indústria de petróleo.
“Haverá algumas exceções — fortemente limitadas — permitidas para atividades que apoiem melhorias de saúde e segurança, façam parte de transições mais amplas de energia limpa, apoiem o descomissionamento ou estejam associadas a uma resposta humanitária”, indica a embaixadora interina.
Ela ressalta ainda que o Reino Unido está buscando outras fontes de recursos com diferentes parceiros para aumentar o financiamento e assistência técnica para energia limpa, “para garantir que a energia renovável seja a opção mais atraente de nova geração para qualquer país”.
Segundo Liz, os investimentos britânicos em programas de energia limpa em países em desenvolvimento chegaram a £ 1 bilhão nos últimos cinco anos.
Investimentos em parques eólicos offshore
Para alcançar zero emissões até 2050, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, destinou £160 milhões em financiamento para aumentar a capacidade eólica offshore do país.
O objetivo é que a energia gerada a partir do vento, que hoje responde por 10% da eletricidade britânica, seja suficiente para abastecer todas as residências do país nos próximos dez anos.
“Como presidente da COP26, em novembro, em Glasgow, o Reino Unido tem estimulado maior ambição por parte de todos os países rumo à transição energética e a uma recuperação mais verde no pós-pandemia. Temos adotado medidas neste sentido tanto domesticamente quanto fora do país”, afirma.
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