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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 21/10/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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Esta semana começamos uma série sobre expectativas e demandas de diferentes setores em relação à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021, a COP26, marcada para a primeira semana de novembro, em Glasgow, na Escócia.
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Confira a cobertura completa das Agendas da COP26 na epbr.
Para o mercado de celulose, a COP26 é oportunidade para acelerar a substituição de produtos de origem fóssil, rumo a uma economia de baixo carbono.
“Não dá para anunciarmos meta de carbono zero em 2050 e continuarmos a emitir de tarde mais do que falamos pela manhã. Temos que reduzir as emissões imediatamente”, afirma Walter Schalka, CEO da Suzano.
O setor de celulose engrossa a demanda pela regulamentação e, claro, pelo esforço da comitiva brasileira na definição de regras claras para o mercado de carbono em Glasgow e aqui no Brasil.
“Com investimentos na descarbonização vamos gerar oportunidades de negócios para um conjunto enorme de empresas e vamos gerar um meio ambiente adequado para as próximas gerações”, diz o executivo.
O setor, no qual a Suzano é líder na produção de celulose do eucalipto, aposta que a pressão social contra o plástico se converta em políticas para acelerar a entrada de produtos fabricados a partir de insumos renováveis – tema que também faz parte da agenda da petroquímica nacional.
Apenas a empresa afirma que será possível entregar 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável “para a substituição de materiais produzidos a partir de fontes fósseis”. Veja matéria na íntegra
“Árvore é parte da solução”. Principal matéria-prima da Suzano, as árvores estão incorporadas nos planos da companhia, que incluem a promessa de remover 40 milhões de tCO2 da atmosfera até 2025. As metas de escopo 1 (próprios) e 2 (energia e combustíveis) são uma redução de 15% na intensidade de carbono dos produtos no período.
Aliás, a mineração também aposta na precificação de carbono, por meio da regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris na COP26, e está de olho nas soluções baseadas na natureza.
“Somos favoráveis a precificação de carbono, como mecanismo econômico viabilizador dessa agenda”, destaca Rinaldo César Mancin, diretor de Relações Institucionais do Ibram.
A entidade também apoia a adoção de marcos regulatórios no Brasil, como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e um mercado voluntário de carbono integrado ao mercado compulsório — o programa Floresta +, do governo federal. Mais em Mineração brasileira defende precificação de carbono e mira políticas para offset
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Dois pontos sobre credibilidade. O debate sobre o Artigo 6 gira em torno da criação de ajustes nos compromissos de redução de emissões dos países para evitar dupla contagem. Isto é, impedir que o país que vende créditos de carbono os use também para cumprir suas metas.
O governo de Jair Bolsonaro tem se posicionado contra esses mecanismos, o que enfraqueceria a credibilidade de um futuro mercado de carbono nacional. Posição que tem preocupado o setor empresarial.
“Interessa muitíssimo ao país que este mercado seja qualificado e para isso precisa ter integralidade climática, ou seja, temos que mostrar que de fato este mercado está ajudando a reduzir as emissões”, alerta Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Apesar de o governo brasileiro ter bloqueado a discussão sobre o Artigo 6 na última COP, em 2019, o setor privado vê uma “maior flexibilidade” do Itamaraty em relação ao tema, com o ministro Carlos França indicando que o Brasil não vai obstruir este ano.
E desmatamento. “Se queremos de fato entrar nessa nova realidade, a grande contribuição do Brasil será com uma nova maneira de relacionar com as florestas nativas”, lembra André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazonia).
Três quartos das emissões brasileiras estão ligadas ao uso da terra. E desse volume, mais de 60% vêm do desmatamento.
Fracasso que vai embarcar com o Brasil para a COP. A Amazônia Legal perdeu 10.476 km² de floresta entre agosto de 2020 e julho de 2021, meses em que se mede a temporada do desmatamento.
A taxa é 57% maior que a da temporada passada, além de ser a pior dos últimos dez anos, aponta o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
“Estamos em uma conjuntura muito ruim no Brasil hoje. Nos três últimos anos aumentaram em 50% o patamar de desmatamento na Amazônia e no Cerrado em relação aos três anos anteriores. O governo atual teve um papel relevante nesse aumento”.
E completa: “Estamos indo na contramão do que deveríamos estar fazendo. Aumentar a ambição é um bom negócio para o Brasil”.
Como o mercado de carbono pode aproximar O&G e setor florestal no Brasil?
Curtas
Lobby global no IPCC. Um enorme vazamento de documentos visto pela BBC News mostra como os países estão tentando mudar um relatório científico crucial sobre como lidar com a mudança climática. Arábia Saudita, Japão e Austrália estão entre os países que pedem à ONU para minimizar a necessidade de se afastar rapidamente dos combustíveis fósseis. BBC News
Antecipação de compromissos. Empresas na América Latina estão se comprometendo a reduzir as emissões de gases de efeito estufa antes que haja uma imposição por parte do governo, de acordo com a agência de classificação de risco Moody’s. Companhias de papel e celulose e proteína fortaleceram seus padrões ambientais; já as instituições financeiras enfrentam regulamentos mais rígidos. Valor
PNMC. Ontem à noite, o Senado aprovou o Projeto de Lei nº 1.539, de 2021, da senadora Kátia Abreu, alterando a Política Nacional sobre Mudança do Clima. O propósito era estabelecer nova meta de compromisso nacional voluntário (NDC)…
…“Acontece que o texto não cita desmatamento (nossa maior fonte de emissões de GEE) e ainda abre uma enorme lacuna na base de cálculo para baixar as emissões do país. É tão grave, que, se passar a toque de caixa na Câmara, o Brasil corre o risco de chegar à COP de Glasgow sem NDC”, avalia o Observatório do clima.
Bioquerosene. A ANP aprovou resolução que permite a introdução, no Brasil, de dois novos querosenes de aviação alternativos, que poderão ser utilizados em misturas com querosene fóssil, ampliando a relação de bioquerosenes regulamentados pela Agência. Também aprovou o querosene de aviação JET-A. ANP
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