Bioeconomia

Ciplan substitui combustíveis fósseis por biomassa na produção de cimento

Empresa firmou parceria com a Embrapa para acelerar descarbonização na indústria e reabilitar áreas degradadas no DF e Goiás

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o presidente do grupo Vicat, Guy Sidos, assinam acordo de cooperação para substituir combustíveis fósseis por biomassa na produção de cimento da Ciplan, controlada pela francesa (Foto: Divulgação Ciplan)
Presidentes da Embrapa, Silvia Massruhá, e do grupo Vicat, Guy Sidos, assinam Acordo de Cooperação Geral (Foto: Divulgação Ciplan)

BRASÍLIA – A produtora de cimentos Ciplan anunciou nesta terça (9/4) um acordo de cooperação com a Embrapa para reduzir as suas emissões de CO2 a partir do uso de biomassa como combustível na produção de cimento.

A oficialização da parceria ocorreu no final de março, durante o Fórum Econômico Brasil-França 2024. Instalada no Distrito Federal, a Ciplan tem a maior parte do seu capital gerido pelo grupo familiar francês Vicat, que tem meta de neutralidade de carbono até 2050.

Para alcançar o objetivo, será preciso substituir combustíveis fósseis na produção de cimento, que respondem por um terço das emissões de CO2 do setor.

O processo de produção envolve a combinação de calcário, argila, areia e minério de ferro, queimados em fornos com temperaturas que chegam a quase 1500 graus. Esses fornos são alimentados principalmente com combustíveis fósseis, como carvão ou coque de petróleo, contribuindo para as emissões de CO2.

A parceria entre a Ciplan e a Embrapa mira a substituição dessas fontes fósseis por biomassa na produção de cimento. Os fornos deverão ser abastecidos com combustíveis produzidos localmente, como eucalipto e capim elefante (forrageira tradicional), o que, segundo a empresa, deve reduzir significativamente as emissões de CO2.

A meta é atingir 70% dos combustíveis alternativos até 2030. Atualmente, o índice está em 35%.

O projeto inclui ainda a restauração de solos degradados nas áreas rurais do Distrito Federal e do Goiás, bem como a geração de renda para pequenos e médios agricultores.

Emissões em alta na indústria de construção

Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) aponta que as emissões globais da indústria de construção cresceram 1% em 2022, mesmo com uma melhora de 3,5% na intensidade energética do setor.

O volume de gases de efeito estufa lançados na atmosfera foi equivalente a 10 milhões de carros a mais circulando ao redor do mundo.

Atualmente, a demanda energética e as emissões do setor de construção e edificações respondem por mais de um quinto das emissões globais.

De acordo com o levantamento, em 2022, o setor consumiu 132 exajoules, mais de um terço da demanda global de energia, e emitiu pouco menos de 10 bilhões de toneladas (Gt) de CO2.

Para contribuir com os esforços de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até 2100, a indústria de construção precisa reduzir sua intensidade energética em 37% em relação aos níveis de 2015 até 2030. Em 2022, apesar da redução modesta, esta intensidade ficou 15% acima da trajetória alvo.