newsletter
Diálogos da Transição
eixos.com.br | 26/04/22
Editada por Nayara Machado
[email protected]
? AO VIVO
Como garantir abastecimento e investimentos no mercado de combustíveis?
Com Valéria Lima, diretora de Downstream do IBP, e
Marcus D’Ellia, sócio da Leggio Consultoria
Energy Talks #2
Assista
Relatório do Global Energy Monitor (GEM) mostra que a capacidade global das usinas a carvão cresceu 18,2 gigawatts (GW) em 2021 para cerca de 2.100 GW — um aumento de 0,87% da capacidade.
Fonte de energia mais poluente e intensiva em carbono, o carvão é alvo de uma campanha global para sua eliminação e substituição por fontes mais limpas.
Mas o cenário de recuperação econômica pós-pandemia de covid-19 e aumento do preço do gás natural levaram a demanda pelo energético a um salto no ano passado, incentivando novos aumentos de capacidade.
Em dezembro de 2021, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) já estimava um aumento de 9% na geração global de energia a partir do carvão, uma alta histórica de 10.350 terawatts-hora.
De acordo com o GEM, a China puxou o crescimento, com novas instalações somando cerca de 25,2 GW, o que quase compensou o fechamento de 25,6 GW em usinas a carvão no resto do mundo.
Com meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2060, a China planejou seu pico de emissões antes de 2030 — mas a incerteza geopolítica desde a invasão da Ucrânia pela Rússia tem levado países a reavaliarem seus planos, com foco na segurança energética.
A capacidade das usinas em construção caiu de 525 GW para 457 GW entre 2020 e 2021, uma queda de 13% — cortes mais acentuados são necessários para atingir as metas climáticas, até porque 18 GW entraram em operação, ao invés de serem encerrados.
O levantamento do GEM identificou 34 países considerando novas usinas, abaixo dos 41 países em janeiro de 2021.
Desde que o Acordo de Paris foi assinado, 21 países se comprometeram a eliminar a geração a carvão de seus setores de eletricidade — muitos deles até 2030. Esses 21 países representaram 3,2% da geração global de eletricidade em 2020, ou 1% do total de emissões de CO2, mostra a IEA.
Essas usinas são a maior fonte de geração de eletricidade e a maior fonte única de emissões de CO2 relacionadas à energia — o que significa um enorme desafio para os governos descarbonizarem seus sistemas de energia.
Japão, Coreia do Sul e China se comprometeram a encerrar o apoio público a novas usinas internacionais de carvão, seguido por um compromisso de todos os países do G20 antes da COP26. Com essas promessas, não resta nenhum financiador público internacional significativo para novas usinas a carvão.
Os EUA diminuíram o ritmo de fechamento das usinas em 2021. Segundo a Administração de Informações sobre Energia (EIA, em inglês), após uma média de 11 GW/ano de aposentadorias da capacidade de geração elétrica a carvão entre 2015 e 2020, as aposentadorias diminuíram para 4,6 GW em 2021.
Para 2022, as operadoras programaram fechamento de 14,9 GW de capacidade de geração elétrica nos Estados Unidos, a maioria a carvão (85%), seguidas por gás natural (8%) e nuclear (5%).
Já os 27 estados membros da União Europeia aposentaram um recorde de 12,9 GW em 2021, com destaques para Alemanha (5,8 GW), Espanha (1,7 GW) e Portugal (1,9 GW). Portugal tornou-se livre de carvão em novembro de 2021, nove anos antes da data prevista para 2030.
Cobrimos por aqui:
- Dia da Energia na COP26 mira carvão, mas acordo tem impacto limitado
- G7 se compromete com fim de subsídios para carvão ainda em 2021
- Bolsonaro sanciona benefício para térmicas a carvão de Santa Catarina
Mais carvão em 2022. Com o preço e a oferta do gás pressionados, países planejam aumentar a produção de carvão.
Em 12 de abril, os EUA revisaram para cima suas projeções para produção de carvão, que deve aumentar 7% em 2022, com 43 milhões de toneladas curtas (MMst) a mais e chegar a 621 MMst, estima o Short-Term Energy Outlook da EIA.
Já o Conselho de Eletricidade da China previu em janeiro de 2022 que a capacidade de energia a carvão aumentaria em 120 GW em relação ao nível de 2021 até 2025 e 150 GW até 2030.
Uma ‘carta branca’ para províncias e empresas de energia iniciarem mais projetos, critica o GEM.
O governo chinês também tem dito às províncias que as usinas a carvão programadas para aposentadoria devem ser mantidas na rede como fontes de energia de back-up, levando a uma desaceleração nas aposentadorias.
Hidrogênio verde em Minas. A empresa alemã Neuman & Esser assinou um protocolo de intenções com o governo de Minas Gerais, na segunda (25/4), para investir até R$ 45 milhões na fabricação de equipamentos de geração de hidrogênio verde em Minas Gerais.
A companhia já possui uma unidade na capital Belo Horizonte, onde vai fabricar eletrolisadores — para produção de hidrogênio verde a partir de energia renovável e água — e reformadores de etanol e biometano. A tecnologia dos reformadores é da empresa brasileira Hytron, comprada pelo grupo alemão em 2020.
Ao lado do governo alemão, a Neuman & Esser é uma das empresas que encabeça iniciativa H2 Global — que prevê investimentos de 2 bilhões de euros em parcerias internacionais com países onde o hidrogênio limpo pode ser produzido com menor custo, a exemplo do Brasil.
Biometano em São Paulo. A Raízen anunciou, nesta terça-feira (26/4), a construção de sua primeira planta dedicada à produção de biometano. Ao todo, a companhia investirá cerca de R$ 300 milhões na unidade.
A usina será instalada anexa ao Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba (SP), onde a empresa já opera a planta de etanol de segunda geração (2G).
A inauguração da unidade de biometano está prevista para 2023. O empreendimento terá capacidade de produção de 26 milhões de metros cúbicos (m³) do gás natural renovável por ano.
O volume é suficiente para abastecer aproximadamente 200 mil clientes residenciais. A Raízen, no entanto, vai vender o produto para clientes industriais.
A totalidade da produção da nova planta foi comercializada para a Yara Brasil Fertilizantes e para a Volkswagen do Brasil, em contratos de longo prazo.
Eólica em Pernambuco. A Enel Green Power Brasil, braço de energias renováveis da Enel no país, iniciou a operação comercial do parque eólico Fontes dos Ventos II, localizado em Tacaratu (PE).
O projeto possui 99 MW de capacidade instalada e demandou investimentos de R$ 430 milhões.
O parque está instalado na mesma região onde a Enel Green Power opera, desde 2015, o primeiro parque híbrido solar e eólico do mercado brasileiro. O ativo combina o parque eólico Fontes dos Ventos I e o projeto Fontes Solar, que somam uma capacidade instalada de 89,9 MW.
Fontes dos Ventos II possui 18 aerogeradores e será capaz de gerar mais de 421 GWh de energia por ano.
[sc name=”news-transicao” ]