Câmbio e demanda aquecida pressionam cotação do óleo de soja, avalia StoneX

Exportação de soja por Roosewelt Pinheiro, Agência Brasil

O câmbio elevado e a demanda aquecida estão pressionando a cotação do óleo de soja, principal matéria-prima do biodiesel, avalia a StoneX. Segundo a analista de inteligência de mercado Ana Luiza Lodi, boa parte da safra de soja deste ano já está negociada o que deve manter os preços fortalecidos tanto do grão como do óleo.

Além disso, o real desvalorizado também está favorecendo as exportações, o que pode diminuir a oferta no mercado doméstico.

“Mesmo com o aumento do esmagamento, os preços do óleo de soja estão sustentados, diante das perspectivas para a demanda para biodiesel, além dos preços internacionais também estarem fortalecidos”, disse Lodi à epbr.

De janeiro a março, quando ocorre a colheita da safra, – que este ano deve chegar a 134 milhões de toneladas –, geralmente há uma queda de preços do óleo de soja por conta do aumento do esmagamento.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA-Esalq/USP, o preço na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) subiu 17,8% entre fevereiro e março, a R$ 7.045,66/tonelada no último mês, bem acima dos R$ 3.542,25/tonelada na média de março do ano passado.

“A demanda por óleo de soja esteve firme no mês de março e as indústrias mostraram interesse maior em exportar em detrimento de vender no mercado doméstico”, afirmou o CEPEA.

Principal matéria-prima do biodiesel, o óleo de soja também está empurrando para cima os preços do biocombustível. Na terça-feira, 6, o 79º Leilão de Biodiesel (L79), que estava em andamento, chegou a ser suspenso, após o preço do combustível ofertado chegar a R$ 7,50 por litro na etapa.

Embora a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Ministério de Minas e Energia MME ainda não tenham se manifestado oficialmente, se especula que o preço tenha sido o motivo da suspensão.

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Concorrência pelo óleo de soja

No meio do ano passado, produtoras de biodiesel enfrentaram escassez na disponibilidade de óleo de soja no mercado doméstico por conta da forte demanda da China pela soja brasileira. O cenário pode se repetir esse ano, mas desta vez por problemas nas lavouras da Argentina.

Nas últimas semanas, chuvas impediram que agricultores argentinos seguissem com a colheita da soja. Além disso, os primeiros balanços apontam uma produtividade abaixo da média dos últimos cinco anos.

“É difícil dizer como vai ser o cenário. Tem muitas variáveis envolvidas. No ano passado, as exportações muito fortes de soja (e também de óleo) resultaram em uma oferta restrita no mercado doméstico. Em 2021, a produção recorde de soja traz algum alívio para a oferta, mas é preciso acompanhar as exportações do grão (destacando que o balanço mundial está mais restrito) e a evolução do câmbio”, explica Ana Luiza Lodi.

A expectativa para safra argentina 2020/21 é de 44 milhões de toneladas, uma queda de 10,2% em relação à temporada passada. A menor produção no país vizinho pode favorecer as exportações de farelo e de óleo de soja do Brasil.

“A safra da Argentina vai ser menor nesse ano, devendo impactar o esmagamento, o que abriria espaço para outros players, como o Brasil no mercado exportador dos subprodutos”, conclui Lodi.

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