BRASÍLIA – A Bunker One divulgou, nesta terça (14/5), que recebeu a certificação internacional ISCC (International Sustainability & Carbon Certification) em duas categorias, abrindo caminhos para a comercialização de biocombustíveis produzidos no Brasil para abastecer navios que fazem o frete internacional.
O ISCC EU comprova o cumprimento dos critérios específicos da União Europeia sobre produtos originados de biomassa, e o ISCC Plus tem abrangência no restante do mundo.
Segundo a comercializadora de bunker (combustíveis marítimos) os certificados demonstram que a Bunker One é capaz de atender aos padrões internacionais de sustentabilidade em toda a sua cadeia de suprimentos para os biocombustíveis.
Este selo é um pré-requisito para que o biodiesel brasileiro seja adotado pela navegação, exemplifica Filippe Fernandez, diretor comercial da Bunker One Brasil.
Ele explica que a empresa poderá fornecer biodiesel de segunda geração de fornecedores que também tenham o certificado ISCC, isto é, produtos cuja produção não concorre com a de alimentos.
Entre as matérias-primas aceitas pela diretiva de energia renovável da União Europeia estão o óleo de cozinha usado e o sebo bovino.
“A Bunker One Brazil reconhece os biocombustíveis como a alternativa mais indicada para a descarbonização da indústria no curto prazo. Nesse sentido, a preocupação com a sustentabilidade do produto a ser comercializado é natural. A certificação ISCC é uma demonstração de que toda a nossa cadeia está de acordo com os parâmetros internacionais, trazendo segurança para o mercado”, afirma Fernandez.
Ainda de acordo com o executivo, a próxima etapa é buscar parcerias com produtores para garantir acesso contínuo ao combustível certificado. A empresa integra o grupo dinamarquês Bunker Holding, que já atua no fornecimento de biobunker em mais de 80 portos pelo mundo.
“Pretendemos ter uma operação permanente de comercialização de biocombustíveis ainda este ano. Estabelecer parcerias é essencial para que o setor tenha confiança na nossa capacidade de fornecer biobunker com ISCC de forma recorrente. Buscamos para ser líderes na transição energética do setor marítimo também no Brasil”, conclui Fernandez.
Biodiesel no frete marítimo
Responsável por cerca de 3% das emissões globais de gases do efeito estufa, o transporte marítimo adotou a estratégia da Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês), que visa reduzir as emissões de carbono do setor em 40% até 2030 e 70% até 2050 em relação aos níveis de 2008.
Para a Bunker One, a mistura de até 7% de biodiesel ao diesel marítimo (B7) é um dos caminhos a ser percorrido na trajetória de descarbonização da frota de navios.
A comercializadora dinamarquesa de combustível marítimo, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), encomendou um estudo que comprova a viabilidade do B7, com capacidade de reduzir 2% na emissão de gás carbônico.
A ideia é que 100% do seu bunker seja B7, compartilhou o CEO da companhia no Brasil, Flavio Ribeiro, em entrevista à agência epbr em fevereiro.