BRASÍLIA – A comercializadora de diesel marítimo Bunker One e a Acelen, dona da Refinaria de Mataripe, na Bahia, iniciaram a segunda operação de abastecimento em área de fundeio externo no Brasil – também conhecida como área de ancoradouro, onde navios aguardam autorização para entrar em um porto. A partir de agosto, embarcações poderão abastecer no fundeio externo de Sepetiba (RJ), o que pode beneficiar a movimentação para o segmento de petróleo e gás natural, dada a proximidade com os campos da Bacia de Santos.
Abastecimento em águas abertas
Segundo a Bunker One, a possibilidade de abastecer sem atracação é uma alternativa logística eficiente, pois permite que o fornecimento de combustível não interfira nas operações de carga e descarga nos terminais, otimizando o tempo de espera no porto. Também será possível acionar o serviço nos casos em que os navios que atracariam apenas para abastecer.
“Somos a maior refinaria fabricante de óleo combustível marítimo (bunker oil) no país e seguiremos contribuindo para o surgimento de novos negócios, movimentando assim, a economia do estado”, ressalta o vice-presidente Comercial, Trading e Shipping da Acelen, Cristiano da Costa.
A expectativa é de fornecimento de 20 mil toneladas de bunker por mês em Sepetiba. Com o recente anúncio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que vai alterar a Resolução nº 903 para incluir a comercialização de biodiesel marítimo até 24%, as duas empresas também se preparam para disponibilizar uma mistura com biocombustíveis em um futuro próximo.
Biodiesel no bunker
A diretoria colegiada da ANP aprovou a comercialização de bunker com 24% de biodiesel. De acordo com o relator, Fernando Moura, a Superintendência de Distribuição e Logística (SDL) manifestou que não há regramento de comercialização a ser aplicado.
A agência epbr antecipou a informação sobre o movimento para que a Petrobras comercializasse de bunker com a parcela de biocombustível. Petrobras e Transpetro vem realizando testes de abastecimento no Terminal de Rio Grande (RS), em navio transportador de GLP.
Os testes iniciais realizados pela Petrobras misturou 10% de biodiesel ao bunker, utilizando 100 % de óleo de soja como matéria-prima.
Na sequência, a ANP autorizou novos testes pela Petrobras, com adição de 24 % de biodiesel, variando a proporção da matéria-prima de 70 % de soja e 30 % de sebo, e também com 100 % de sebo.
Com o teor de 10% de mistura, a redução de gases de efeito estufa ficou em 7%. No caso da adição de 24% de biodiesel, os cortes ficaram entre 17% e 19%.
Petrobras negocia recompra de Mataripe
Está nos planos da Petrobras a retomada do controle da Refinaria de Mataripe, vendida durante o governo Bolsonaro ao Mubadala Capital e controlada pela Acelen. A empresa foi criada pelo fundo árabe para assumir a gestão da unidade, atualmente a maior refinaria privada do Brasil.
A venda da antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam) foi fechada por US$ 1,65 bilhão, preço 45% inferior em relação a um cenário-base calculado pela da Petrobras, que precificou a refinaria em US$ 3,04 bilhões.
O valor acordado com a Mubadala Capital, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, foi questionado no relatório do ministro Walton Alencar Rodrigues, do Tribunal de Contas da União (TCU). Ao cabo ,a corte autorizou o negócio, fechado em 2021 por US$ 1,8 bilhão, após ajustes.