RIO — O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, defendeu, nesta quarta (22/11), que o Brasil invista na eletrificação da sua frota de ônibus para desenvolver a indústria nacional.
“Ou migramos para o ônibus elétrico ou vamos perder esse mercado e essa história. Temos um gigantesco poder de compra, temos um mercado interno muito forte e uma rede de distribuição, e uma presença na região”, disse o presidente.
A ideia do governo é financiar os ônibus via Fundo Clima, com parte dos R$ 10 bilhões captados recentemente pela emissão de títulos soberanos, segundo apuração do CapitalReset.
Ônibus elétricos são cerca de três vezes mais caros que os convencionais, e poucos municípios possuem condições de financiar a transição.
Mercadante lembrou que o banco de fomento já financiou os primeiros 1.300 ônibus na cidade de São Paulo, com R$ 2,5 bilhões, e que o Brasil já conta com cinco empresas produzindo ônibus.
O presidente também destacou a importância de desenvolver a indústria nacional com a produção de peças e baterias no país.
“Estamos financiando projetos para gerar cada vez mais valor agregado com todas as baterias produzidas no Brasil. Somos hoje a quarta indústria de lítio e vamos lançar um programa especial com a Vale e minerais críticos que nos interessa muito sair na frente”, disse.
“Não só produzir o mineral, mas agregar valor no Brasil com baterias e utilizando essa indústria emergente de ônibus elétrico”, completou.
Energia limpa
Além da eletrificação, Mercadante também chamou a atenção para a necessidade de financiamento para projetos de combustíveis sintéticos, tais como combustível sustentável de aviação (SAF), metanol e hidrogênio verde.
“O que é o nosso desafio em relação ainda à matéria energética? É dar um salto em termos de agregação de valor. É partir para os combustíveis sintéticos (…) Fazer essa passagem, fazer o hidrogênio verde. Estamos conversando com a Vale e com a Petrobras”, afirmou o presidente do BNDES.
Na avaliação dele, o Brasil possui uma vantagem extraordinária para competir na área do hidrogênio verde, e poderia ser capaz de estimular a chegada de indústrias que utilizem o energético para descarbonizar suas atividades..
“Estamos indo agora com o presidente para o mundo árabe, depois vamos até a Alemanha, para tentar buscar atrair esses investimentos em áreas estratégicas, utilizando essa nossa matriz, que é uma vantagem competitiva”, contou.