Energia

Brasil, o país da energia limpa

Além de garantir segurança energética, SIN coloca o Brasil na vanguarda da transição para uma matriz elétrica mais sustentável, avalia Marcelo Ferreira

Com matriz energética renovável robusta, Brasil pode ser referência global em energia limpa. Na imagem: Marcelo Ferreira, CEO da  Automa (Foto: Divulgação)
Marcelo Ferreira é CEO da  Automa (Foto: Divulgação)

Quando viajamos de avião pelo Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, lá estão os jatos da Embraer com suas fuselagens estampando as marcas mais respeitadas de companhias aéreas. Não há dúvidas que a fabricante brasileira de aviões, que já ocupa a terceira posição no mundo, é um motivo de muito orgulho para o Brasil, pela sua capacidade de desenvolver máquinas tão sofisticadas e por ser reconhecida mundialmente pela qualidade das suas aeronaves.

O que percebo, e que muitos brasileiros ainda não se deram conta, é que nós também fomos capazes de construir uma outra máquina fantástica, indiscutivelmente a mais cara e a maior que já fizemos, que também deveria merecer o reconhecimento e respeito global por ser uma das máquinas mais robustas e sustentáveis do seu gênero. Estou falando de uma máquina chamada SIN, Sistema Interligado Nacional.

O SIN é o sistema interligado de produção e transmissão de energia elétrica que atende a todas as regiões do Brasil, com exceção de algumas partes da região Norte.

Isso significa que ao ligar o seu carregador de celular em uma tomada na cidade de Curitiba, aquela energia, na verdade, está sendo produzida por milhares de usinas espalhadas por todo o país, incluindo possivelmente uma no seu telhado, que funcionam em perfeita sincronia e são conectadas até a sua casa por uma imensa rede de transmissão e distribuição de energia.

Tudo isso sendo operado por diversos agentes do setor elétrico sob a coordenação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

De tão grande e esparsa, não podemos ver essa máquina em sua totalidade, a não ser por meio de um mapa com a representação de todas as usinas e linhas de transmissão do SIN. Mas acredite, essa máquina existe e é gigantesca.

Matriz robusta, estruturada e renovável

O aspecto mais impressionante do SIN é que 88% da sua produção de energia provém de fontes renováveis, tornando-o o sistema elétrico de grande porte mais limpo do mundo. A predominância de hidrelétricas, que funcionam como gigantescas baterias naturais, permite a integração estável de fontes intermitentes, como a energia eólica e solar.

Nosso histórico de hidrelétricas também nos obrigou a construir grandes linhas de transmissão para levar a energia de onde ela é gerada até os centros de carga, diferente de muitos outros países que têm sua matriz energética dependente de origens térmicas ou nucleares, que já são construídas próximas aos grandes centros sem a necessidade de extensas linhas de transmissão.

O que torna ainda mais desafiador e caro trilhar o movimento de transição energética para fontes renováveis.

Assim como os aviões da Embraer são um símbolo do avanço tecnológico brasileiro, o SIN representa uma conquista igualmente grandiosa na área de energia. É um testemunho da capacidade do Brasil de inovar e liderar em setores críticos. Este sistema não apenas garante a segurança energética do país, mas também coloca o Brasil na vanguarda da transição para uma matriz energética mais sustentável.

Na epbr:

Esta reflexão é um convite para que os brasileiros, sejam governantes, engenheiros, empresários, investidores ou qualquer outra classe profissional, celebrem e divulguem este feito. É hora de dizer ao mundo, com convicção, que somos o Brasil, o país da energia limpa. A conscientização e o reconhecimento dessa grandiosa realização podem inspirar novas gerações e fortalecer ainda mais nosso compromisso com a sustentabilidade e a inovação.

Marcelo Ferreira é CEO da Automa, empresa de soluções tecnológicas para operações no setor elétrico. Formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), fundou a companhia em 2006 e desde então exerce sua liderança.