BRASÍLIA – O Brasil é o segundo maior importador de painéis solares da China depois da Europa, consumindo o equivalente a 9,5 GW nos primeiros seis meses de 2023, quantidade semelhante à do mesmo período do ano passado (9,4 GW), mostra análise do think tank de energia Ember.
No primeiro semestre de 2023, as exportações de painéis solares da China cresceram 34%, com 114 GW enviados para todo o mundo, em comparação com 85 GW no mesmo período do ano passado.
A Europa teve o maior aumento absoluto, enquanto a África teve o maior crescimento percentual. O crescimento mais rápido está ocorrendo na África e no Oriente Médio.
“O mundo está correndo para aproveitar essa fonte de energia barata, limpa e abundante para alimentar a economia do futuro. Está claro que a capacidade de fabricação global não é atualmente o fator limitante para alcançar o crescimento necessário de cinco vezes na energia solar até 2030”, diz Sam Hawkins, líder de dados da Ember.
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Dependência chinesa
Nesta terça (26/9), a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) chamou a atenção para a necessidade triplicar a capacidade global de energias renováveis para 11 terawatts (TW) até 2030, se o mundo quiser evitar que o planeta aqueça acima de 1,5°C até o fim do século.
A geração solar está entre as principais tecnologias disponíveis para cumprir a meta, mas a concentração de suprimentos preocupa.
Representando cerca de 80% da participação no mercado global de capacidade de fabricação de energia solar, o crescimento das exportações chinesas tem implicações globais para a expansão da energia limpa, destaca a análise do Ember.
Mais da metade dos módulos solares exportados da China no primeiro semestre de 2023 foram destinados à Europa (52,5%), que tenta reduzir sua dependência do país asiático.
A região também registrou o maior crescimento absoluto em todo o mundo, com as exportações da China aumentando 47% em relação ao ano anterior (+21 GW), atingindo um total de 65 GW enviados no primeiro semestre de 2023, em comparação com 44 GW no mesmo período do ano passado.
Uma vez instalada, essa nova capacidade poderá fornecer cerca de 2% da demanda anual de eletricidade da Europa, semelhante à demanda da Bélgica, diz o relatório.
A África do Sul registrou a maior mudança em qualquer país fora da Europa, importando 3,4 GW de painéis solares da China nos primeiros seis meses de 2023, um aumento de 438% (+2,7 GW) em comparação com o mesmo período do ano passado.
Como resultado, a África teve um aumento de 187% (+3,7 GW), a região de crescimento mais rápido.
Em seguida, vem a região do Oriente Médio, com um aumento de 64% (+2,4 GW) no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado.
No entanto, o Ember explica que as altas taxas estão no contexto de um ponto de partida muito baixo.
A Arábia Saudita aumentou as importações de energia solar da China em seis vezes em relação ao ano anterior, atingindo 2,8 GW no primeiro semestre de 2023, enquanto os Emirados Árabes Unidos aumentaram as importações em 33%, para 1,4 GW.
A única região que viu menos importações da China durante o período foi a Ásia, pois a Índia passou a se concentrar no aumento da capacidade de fabricação doméstica.
Estoques cheios
De acordo com os analistas, a expectativa é de que a capacidade de fabricação global dobre novamente até o final de 2024 em comparação com o final de 2022, à medida que outros países fora da China também aumentam a fabricação doméstica.
No entanto, a lacuna entre as exportações de módulos solares e a capacidade fotovoltaica instalada está ficando maior, refletindo, em parte, acúmulo de estoques de módulos e desafios no avanço das instalações e integração da rede.
“Temos painéis solares suficientes, só precisamos acelerar a instalação deles”, diz Hawkins. “As políticas devem se concentrar em garantir que a instalação e a integração da rede possam aumentar tão rapidamente quanto o fornecimento global de módulos”.