BRASÍLIA — Brasil e Estados Unidos querem priorizar crise climática, desenvolvimento sustentável e transição energética, diz comunicado conjunto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), na última sexta (10/2), após o encontro dos presidentes Lula e Joe Biden, na Casa Branca.
A reunião entre os líderes reforçou a agenda bilateral e multilateral de governança climática, com foco na ampliação do diálogo e “cooperação mais profunda” entre os dois países, inclusive na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e do Acordo de Paris.
Os chefes de Estado afirmaram que irão retomar as reuniões do Grupo de Trabalho de Alto Nível Brasil e EUA sobre Mudança do Clima (GTMC), estabelecido em 2015, “com a maior brevidade possível”.
O GTMC tem como agendas combate ao desmatamento e à degradação, reforço da bioeconomia, estímulo à energia limpa, assim como o fortalecimento de ações de adaptação e promoção de práticas agrícolas de baixo carbono.
Além disso, os EUA oficializaram a intenção de apoio ao Fundo Amazônia, iniciativa responsável pela captação de recursos destinados à preservação das florestas do bioma, administrada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Como parte desses esforços, os Estados Unidos anunciaram sua intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia, e para alavancar investimentos nessa região muito importante”, afirma o texto.
No entanto, não foi anunciado o valor da contribuição, nem o prazo para a liberação dos recursos.
Assim como a Alemanha e Noruega, doadores do fundo, o Brasil deve contar com recursos da França e da União Europeia. Em visita recente ao Brasil, a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, declarou que o país estuda a possibilidade de uma contribuição bilateral.
Lula e Biden também expressaram preocupação com os efeitos da Guerra na Ucrânia sobre a segurança energética global.
E demonstraram interesse em intensificar a cooperação na área de energia, comércio, entre outros, “por meio de abordagem focada em resultados que beneficiem ambas as sociedades”.
Foco na agenda verde
O novo governo vem apostando na promoção da economia verde para a reindustrialização do Brasil. A estratégia busca atrair investimentos do exterior.
Após assumir o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o vice-presidente Geraldo Alckmin declarou que a agenda era prioritária para assegurar a competitividade da produção brasileira no mercado internacional.
De acordo com o chefe do MDIC, a reindustrialização está relacionada à preservação do ambiente e à atração de novos negócios para a economia.
Em janeiro, Alckmin se reuniu com o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, para discutir sobre temas ligados a comércio, meio ambiente e sustentabilidade.
“A UE está pronta para trabalhar com Brasil em clima e meio ambiente, multilateralismo e comércio: agora temos uma janela de oportunidade para demonstrar que o comércio pode ser livre, justo e sustentável”, comentou Timmermans, depois do encontro em Brasília, nas redes sociais.
Já o chanceler Olaf Scholz disse, no mês passado, que a Alemanha deseja colaborar em várias frentes para a agenda verde brasileira.
“Há muitas questões nas quais queremos colaborar de forma estreita. A luta contra a mudança climática, a proteção da floresta tropical na Amazônia, e também a ampliação das energias renováveis e a produção de hidrogênio verde”, afirmou.
Scholz também reiterou que o Brasil é um ator importante para o avanço da economia verde global.
“Vocês têm muita experiência com energias renováveis e enormes potenciais também através da produção e da exportação de hidrogênio verde e seus respectivos produtos”, declarou.