Bolsonaro escala pressão contra Silva e Luna

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O recuo dos preços do petróleo nos últimos dois dias se tornou mais um elemento para o presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrar a Petrobras sobre os preços dos combustíveis e reforçar o processo de “fritura” do presidente da petroleira, o general de reserva Joaquim Silva e Luna.

— Em evento no Palácio do Planalto nessa terça (15/3), Bolsonaro disse que espera que a Petrobras retorne os preços dos combustíveis “aos níveis da semana passada” — a petroleira reajustou os valores na sexta (11/3). Citando a redução dos preços do barril, Bolsonaro voltou a criticar a política de Preço de Paridade de Importação (PPI).

— “Essa guerra que está lá na Rússia, lá com a Ucrânia, tem influenciado a nossa economia. Pelo que tudo indica, os números agora, em especial do preço do barril de petróleo lá fora, sinalizam para uma normalidade no mundo. Espero que assim seja.”

— “E espero que a nossa querida Petrobras, que teve muita sensibilidade ao não nos dar um dia [de prazo extra], ela retorne aos níveis da semana passada os preços dos combustíveis no Brasil”, prosseguiu Bolsonaro.

— As recentes críticas de Bolsonaro foram entendidas como um recado para Silva e Luna, sobretudo quando disse que somente ele e o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, não podiam ser demitidos no governo. Para evitar novos desgastes, havia uma expectativa de que o general pedisse demissão.

— Silva e Luna rechaçou qualquer pedido de demissão, comparando a situação a uma batalha de guerra. E jogou a decisão no colo de Bolsonaro.

— “Jamais farei isso. Tenho formação militar, a gente morre junto na batalha e não deixa a tropa sozinha. Agora, minha indicação é do presidente da República, com quem tenho uma relação de lealdade e de confiança”, disse ao blog da Andréia Sadi, do g1.

— A ala militar do governo se mobilizou para blindar Silva e Luna e garantir sua permanência no cargo. Além de Mourão, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque — que é almirante da Marinha —, defende sua permanência. CNN

— Em entrevista a O Globo, Albuquerque, além de reforçar a defesa de Silva e Luna, propôs a adoção de um colchão tributário para os combustíveis, que poderia ser reduzido ou aumentado por decreto, de acordo com os valores do petróleo. A redução de impostos federais para a gasolina, citada por Bolsonaro, “vai depender da conjuntura”, disse ele. Os impostos sobre diesel e gás de cozinha já foram zerados.

— A pressão de Bolsonaro sobre a Petrobras mobilizou o Ministério Público, que pede ao Tribunal de Contas da União (TCU) que apure sua interferência na estatal. O subprocurador do MP, Lucas Rocha Furtado, listou declarações públicas que teriam interferido na cotação das ações da Petrobras e gerado incertezas internas na empresa. O Globo

Abicom aponta redução da defasagem O último reajuste promovido pela Petrobras nos preços da gasolina e do óleo diesel e a queda da cotação do petróleo reduziram a defasagem entre os preços internos e os do mercado internacional, segundo levantamento da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).

— A defasagem do preço do diesel passou de 40% em relação ao praticado no Golfo do México (EUA) há uma semana para 2% nessa terça (15/3, enquanto a gasolina passou de 30% para 6% na mesma comparação. Estadão

• Mais: Abicom diz que não há espaço para reduzir preços dos combustíveis

Os preços do petróleo despencaram mais de 6% nessa terça (15/3), o menor nível em quase três semanas, com menos temores de interrupção do fornecimento e o aumento dos casos de covid-19 na China pressionando para baixo a demanda.

— O Brent despencou US$ 6,99 (-6,5%), fechando a US$ 99,91 o barril, enquanto o WTI caiu US$ 6,57 (-6,4%), a US$ 96,44 o barril. Foi a primeira vez desde o final de fevereiro que os contratos fecharam abaixo de 100 dólares por barril. Reuters

Opep avalia guerra da Ucrânia … A Opep está avaliando os efeitos da guerra na Ucrânia sobre a demanda global de petróleo em 2022, disse o cartel nessa terça (15/3). Por enquanto, mantém sua previsão de aumento de 4,2 milhões de barris por dia (bpd), para um total de 100,90 milhões de bpd. “No entanto, essa previsão deve mudar nas próximas semanas”, com maior clareza sobre o efeito da guerra. AFP

… e reduz produção do Brasil para 2022 Em seu relatório mensal divulgado nessa terça (15/3), a Opep cortou em 6 mil barris por dia a previsão para a oferta brasileira de petróleo este ano, a 3,77 milhões de bpd. Ainda assim, seria um crescimento de cerca de 180 mil bpd em relação a 2021, informa o Estadão.

— A revisão reflete o declínio de 25 mil bpd no primeiro trimestre. Para o ano, a expectativa é de que a produção seja impulsionada pelos projetos Mero-1 (FPSO Guanabara), que atrasou, e o avanço da Sépia, ambos no pré-sal da Bacia de Santos.

Juca Abdalla e Marcelo Gasparino indicados para o CA da Petrobras José João Abdalla Filho, o Juca Abdalla, e Marcelo Gasparino da Silva foram indicados pelo FIA Dinâmica Energia e Banclass FIA, administrados pelo Banco Clássico, como representantes dos acionistas minoritários para o Conselho de Administração da Petrobras. A eleição será em 13 de abril.

— Abdalla é presidente e controlador do Banco Clássico e o maior acionista privado da Petrobras. Já Gasparino é advogado e foi eleito para o CA em 2021, mas, alegando irregularidades na eleição, renunciou para forçar novo processo eleitoral.

— O Banco Clássico ainda indicou Michele Da Silva Gonsales Torres (titular) e Robert Juenemann (suplente) para o Conselho Fiscal da petroleira.

• Em epbr: Petrobras confirma indicação de Landim para comandar Conselho de Administração

Shell pode enfrentar novo litígio climático na Europa Quase um ano após ser condenada por um tribunal holandês a reduzir suas emissões de CO2 até 2030 em 45% sobre os níveis de 2019, a Shell pode enfrentar novo processo relacionado a metas climáticas, desta vez no Reino Unido. Advogados da ClientEarth preparam uma ação legal contra a petroleira, questionando seu plano de transição.

— O grupo tenta responsabilizar pessoalmente os diretores pelo que consideram uma “falha em se preparar adequadamente para a mudança para uma economia de baixo carbono”, alegando violação da Lei das Sociedades do Reino Unido.

Aneel aprova socorro às elétricas, a ser pago pelos consumidores A diretoria da Aneel aprovou nessa terça (15/3) um novo empréstimo ao setor elétrico, de até R$ 5,3 bilhões. Os recursos vão bancar as medidas adotadas para evitar falhas no fornecimento de energia em 2021, quando o país enfrentou uma grave crise hídrica.

— Vai evitar um aumento expressivo das contas de luz neste ano, mas será pago pelos consumidores a partir de 2023, com juros, informa o Estadão.

— A operação foi autorizada por medida provisória pelo governo federal em dezembro do ano passado.

• Em epbr: Próximo governo vai herdar aumento de tarifa de energia e deve reorganizar setor, defendem especialistas

TCU não dá prazo para privatização da Eletrobras… Em reunião nessa terça (15/3) com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o Tribunal de Contas da União (TCU) não se comprometeu com nenhum prazo para deliberar sobre o processo de privatização da Eletrobras. O encontro contou com oito dos nove ministros da corte, segundo o Valor — a única ausência foi de Vital do Rêgo, que votou contra o modelo de precificação da estatal.

— Guedes e Bento ficaram de entregar até quinta (17/3) informações pendentes. O ideal é que o TCU autorize a operação entre o fim de março e o começo de abril. Mas o governo teme um pedido de vista, que pode adiar essa decisão por até 60 dias.

… E decisão envolve indicação para a ANP Segundo a colunista Malu Gaspar, de O Globo, a indicação do auditor de contas Daniel Maia causou um mal estar entre os ministros do TCU que pode respingar na privatização da Eletrobras. Maia foi indicado pelo ministro Aroldo Cedraz, relator do processo de capitalização da estatal. E é concunhado de Tiago Cedraz, filho de Aroldo.

— “Os ministros que deram voto de confiança ao governo agora estão sendo usados para interesses pessoais de um colega”, disse um dos titulares da corte, para quem “a esperteza está virando imprudência”.

Eletrobras encerra SPE A Eletrobras informou nessa terça (15/3) que encerrou a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Inambari Geração de Energia S.A. (Igesa). Segundo a estatal, a operação compõe a “iniciativa de racionalização das participações societárias da Eletrobras”.

— A SPE tinha participação de 51% da Construtora OAS, 29,4% da Eletrobras, e 19,6% de Furnas. Foi criada em 2008 para elaborar estudos, implantar e explorar o aproveitamento hidrelétrico do rio Inambari, no Peru, para integração energética com o Brasil. Reuters

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