O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a indicação de Joaquim Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco na presidência e no Conselho de Administração da Petrobras. A demissão de Castello Branco vinha sendo cogitada desde ontem, após Bolsonaro fazer críticas diretas ao executivo em razão da política de preços dos combustíveis.
“Governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão, como conselheiro de Administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco (sic)”, diz a nota publicada por Bolsonaro no Facebook.
A informação foi confirmada pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Ex-ministro da Defesa no governo de Michel Temer, o general da reserva Silva e Luna é diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional desde 2019, por indicação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Castello Branco foi uma indicação do ministro Paulo Guedes, na transição de governo. Tomou posse no fim de 2018 e foi reconduzido para um mandato de dois anos, em março de 2019, que vence no próximo mês.
A gestão de Castello Branco é bem avaliada pelo mercado financeiro, que via no executivo um compromisso firme com a estratégia de redução do endividamento da companhia, liquidação de ativos e concentração do investimento em projetos de maior rentabilidade, como os campos do pré-sal.
A independência na formação de preços, contudo, vem sendo questionada no governo Bolsonaro. Logo no primeiro ano, o Bolsonaro fez a Petrobras reverter um aumento do diesel, que coincidiria com as comemorações dos 100 dias de governo.
Ao longo desses dois anos de governo, a paridade vem sendo questionada por importadores de combustíveis que ficam com o mercado fechado se a Petrobras vender combustível por um valor menor do que eles conseguem adquirir no mercado internacional. A situação se intensificou este ano, com a recuperação dos preços do petróleo.
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Demissão é “consequência” prometida por Bolsonaro
Bolsonaro afirmou mais de uma vez na quinta (18) que os aumentos nos preços dos combustíveis teriam consequências para a Petrobras.
“Você vai em cima da Petrobras, ela fala ‘opa, não é obrigação minha’. Ou como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, ‘eu não tenho nada a ver com caminhoneiros, eu aumento preço aqui e não tenho nada a ver com caminhoneiro’. Foi o que ele falou [e] isso vai ter uma consequência, obviamente”, disse Bolsonaro.
Os preços médios do diesel fornecido pela Petrobras às distribuidoras subiram 14,7% e a gasolina ficou 10% mais cara nesta sexta (19). Foi o quarto reajuste do ano.
Em janeiro, ainda sob a pressão da ameaça de greve dos caminhoneiros, Castello Branco afirmou que a insatisfação da categoria é “um problema que não é da Petrobras.”
“Trata-se de um problema de excesso de oferta, não da Petrobras”, disse na época.
Bolsonaro havia afirmado que não pode controlar os preços da Petrobras, mas que mudanças iriam ocorrer na empresas “nos próximos dias”.
“Mas eu não posso interferir e nem iria interferir na Petrobras, se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias. Você tem que mudar, alguma coisa vai acontecer”.
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