A Boeing anunciou esta semana um acordo com a EPIC Fuels para aquisição de dois milhões de galões (7,5 milhões de litros) de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês). Produzido a partir de resíduos agrícolas não comestíveis, o SAF será misturado no percentual de 30% ao combustível de aviação convencional.
Segundo a fabricante de aeronaves, o acordo é a maior aquisição de SAF anunciada por uma empresa de aviação. O combustível vai abastecer as operações de aviões comerciais nos estados de Washington e Carolina do Sul, nos EUA, até 2022.
“O SAF é uma solução segura, comprovada e imediata que ajudará a alcançar o compromisso de longo prazo do nosso setor de emissões líquidas zero de carbono até 2050”, diz Sheila Remes, vice-presidente de Sustentabilidade Ambiental da Boeing.
“Por meio deste acordo, reduziremos nossa pegada de carbono e teremos SAF disponível para entregas aos clientes, bem como para nossas próprias operações”.
Produzido de forma sustentável, o SAF reduz as emissões de CO2 em até 80% ao longo do ciclo de vida do combustível — e há potencial de chegar a 100% no futuro — dizem as companhias aéreas.
Está entre as principais apostas da aviação comercial para atingir as metas do Corsia de crescimento neutro em carbono a partir de 2020, por oferecer o mais imediato e maior potencial para descarbonizar a aviação nos próximos 20 a 30 anos.
Um dos motivos é que ele é um combustível drop-in, isto é, idêntico ao fóssil, o que não requer modificações em aviões, motores ou infraestrutura de abastecimento.
A compra também permitirá um uso mais amplo do SAF nos equipamentos desenvolvidos pela Boeing. A EPIC Fuels fornecerá misturas personalizadas de 50/50% até 100% SAF para o programa Boeing ecoDemonstrator, de aceleração tecnológica.
Atualmente, o SAF está aprovado para uma mistura 50/50 com combustível de aviação convencional para voos comerciais.
Mas a Boeing quer ir além. Há cerca de um ano, anunciou o compromisso de entregar seus aviões comerciais certificados para voar com 100% de SAF até 2030.
Em janeiro do ano passado, a fabricante norte-americana realizou testes de voo substituindo o querosene fóssil por renovável, e se comprometeu a trabalhar com os reguladores para aumentar o limite de mistura permitido.
Três bilhões de galões de combustível sustentável até 2030
O governo de Joe Biden anunciou em setembro de 2021 uma meta de produção de três bilhões de galões de SAF por ano até 2030.
O objetivo é reduzir as emissões da aviação em 20% até o fim da década.
Hoje, a aviação (incluindo todos os voos não militares dentro e partindo dos Estados Unidos) representa 11% das emissões relacionadas ao transporte do país.
Para alcançar a meta, o governo propôs um crédito fiscal para o SAF como parte da agenda Build Back Better.
Este crédito pretende ajudar a reduzir custos e dar escala à produção nacional. Para receber o crédito, é preciso comprovar uma redução de pelo menos 50% nas emissões de gases de efeito estufa no ciclo de vida do combustível. Há também maior incentivo para maiores reduções.