CONTEÚDO PATROCINADO
O Brasil já conta com 96 projetos de eólicas offshore, com pedidos em licenciamento junto ao Ibama, que somam 234,2 GW. No setor, todos os números são grandiosos, incluindo o valor dos investimentos, que podem girar em torno de R$ 13 bilhões e R$ 16 bilhões por megawatt desenvolvido.
De olho nesse desafio, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já vem trabalhando em algumas frentes para auxiliar no financiamento do setor, entretanto, aguarda a aprovação de um marco legal que traga solidez aos projetos.
O marco legal das eólicas offshore, aprovado na Câmara (PL 11247/2018) no final de novembro, agora aguarda a decisão do Senado.
“Estamos muito interessados em ajudar no desenvolvimento desse setor”, disse Renato Santos de Souza, que atua na área de energia do banco, ao podcast da Abeeólica, Cabeça de Vento.
“Ultrapassada essa fase [da aprovação do PL] até a regulamentação, podemos ver os primeiros prismas sendo concedidos para iniciar os projetos de eólicas offshore muito em breve, quem sabe ainda este ano, em 2024”, avalia Souza.
Segundo ele, uma das vantagens é que o setor conta com empresas muito robustas da área de energia e óleo e gás, o que traz maior confiabilidade na hora da concessão de crédito.
“São empresas que já atuam no setor de energia. São empresas sólidas, o que ajuda na financiabilidade, na tomada de decisão dos financiadores”.
Enquanto aguarda a aprovação do PL, o banco vem trabalhando em algumas frentes e mantendo diálogo com os desenvolvedores.
“O que não falta são desenvolvedores interessados. Temos tido conversas com muitos deles, que já tem sua manifestação de interesse nos prismas, com projetos em análise no Ibama”, conta Renato.
Além disso, por meio da iniciativa BNDES Azul, o banco destinou recursos não reembolsáveis para o Planejamento Espacial Marinho (PEM) da costa brasileira, cujo contrato destinado à Região Sul do Brasil já foi assinado.
“O BNDES está contratando empresas especializadas para fazer esse mapeamento do espaço marinho (…) A ideia é mapear toda a costa brasileira até 2030”, afirma o especialista.
O PEM irá mapear as potencialidades econômicas da costa do país, incluindo as eólicas offshore, pesca e turismo, atividades do setor de óleo e gás, entre outros.
Política industrial
Renato também destaca a necessidade de se pensar nas eólicas offshore por meio de uma política industrial que estimule o crescimento econômico do país.
“Em termos de política industrial, vamos seguir a fórmula de sucesso das eólicas, que é uma progressão em termos de exigência de conteúdo nacional. Não adianta exigir conteúdo nacional excessivo sem que a indústria local tenha condições de atender”.
Segundo ele, o setor demanda uma enorme cadeia produtiva que envolve desde os fornecedores de equipamentos, até infraestrutura de portos e escoamento de energia, passando por embarcações de apoio e indústrias eletrointensivas, como o hidrogênio verde.
“É necessário preparar as cadeias produtivas para fornecer esses equipamentos, fornecer as embarcações que fazem todo o trabalho no mar, e preparar os portos para receber essa logística e infraestrutura”, diz.
“O BNDES como um todo vai precisar se mobilizar para isso. Já temos acompanhado, feito estudos da cadeia produtiva e mapeado os portos”, completa.
Modelo de financiamento
Renato destaca um estudo feito pelo Banco Mundial em países em desenvolvimento, que apontou para a importância da taxa de juros de longo prazo no custo final nivelado de energia, em projetos de eólicas offshore, combinada com a oferta de crédito.
“O efeito da taxa de juros pode fazer cair esse custos de 100 dólares por megawatt hora, para 70 dólares”, conta.
“O BNDES pode prover esses recursos, incialmente através de financiamento corporativos, na fase inicial dos projetos antes decisão final de investimentos, e depois, no início da decisão dos investimentos físicos, migrar para estruturas mais sofisticadas de project finance”, finaliza.
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