O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Mundial firmaram ontem (31/1) um memorando de entendimento (MoU) para desenvolver agenda conjunta sobre clima, mercado de carbono e biodiversidade no país.
Em comunicado, o BNDES informou que haverá troca de informações e experiências entre ambas instituições financeiras e discussão de ferramentas para avaliar riscos para o clima e para a biodiversidade.
“Pretendemos identificar soluções financeiras, baseadas nas melhores práticas internacionais, para apoiar as agendas climática, de carbono e de biodiversidade”, afirma Bruno Aranha, diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES.
Além da criação de um sistema para a avaliação de empresas, com base nas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, em inglês).
“Pretendemos também trocar experiências a respeito de processos, ferramentas e soluções de medição de riscos climáticos, para aprimoramento da transparência e para aprofundamento dos aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) nas avaliações de empresas no Brasil”, completa.
Mercados de carbono
Segundo o BNDES, o memorando fomentará a produção de artigos e realização de workshops sobre os mercados regulado e voluntário de carbono.
A cooperação otimizará a liberação de financiamento para projetos ambientais, climáticos, de carbono e de biodiversidade, alinhado às melhores práticas internacionais.
A parceria também permitirá ao BNDES auxiliar no atendimento às demandas regulatórias recentemente editadas pelo Banco Central do Brasil.
Na intenção de alocar grandes recursos para a agenda climática, apenas em 2021 o Banco Mundial concedeu US$ 26 bilhões em financiamentos climáticos, tornando-se atualmente o maior financiador da área para os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
O organismo internacional trabalha para alinhar os fluxos financeiros aos objetivos do Acordo de Paris até 2025.
“As populações mais pobres são também as mais vulneráveis às mudanças do clima. Se nada for feito, eventos climáticos cada vez mais intensos e frequentes podem levar 130 milhões de pessoas à pobreza e forçar mais de 250 milhões de pessoas a migrarem dentro de seus países até 2050″, comenta Paloma Anós Casero, diretora do Banco Mundial para o Brasil.
A instituição também trabalhou com o governo federal e empresas brasileiras para elaboração de uma proposta de mercado de carbono – o PMR Brasil (Partnership for Market Readiness).
Mas o atraso do país em relação ao tema levou à desclassificação do Brasil na seleção do Banco Mundial para a fase seguinte, de implementação.
Já o BNDES vem celebrando memorandos de entendimento e acordos de cooperação com diversas instituições estrangeiras, organismos multilaterais, agências oficiais de crédito e instituições financeiras com agenda climática.
No ano passado, em Glasgow, o banco lançou durante a Conferência do Clima — COP26 uma chamada pública para o financiamento a projetos de reflorestamento, com o objetivo de chegar a R$ 500 milhões investidos no reflorestamento de até 33 mil hectares em diversos biomas.
Também do BNDES, a linha de crédito Finame Baixo Carbono vai ajudar a aumentar a frota de caminhões e ônibus elétricos e a gás no Brasil, prevendo que a demanda pela nova linha de crédito cresça nos próximos anos.