BRASÍLIA — O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem (4/1) um financiamento de R$ 80 milhões para construção da planta de produção de biometano e eletricidade da Uisa Geo Biogás — joint venture entre Usinas Itamarati (Uisa) e Geo Biogás & Tech –, em Nova Olímpia (MT).
Com a entrada em operação prevista para dezembro de 2024, a unidade industrial produzirá até 11,4 milhões m³/ano de biogás e até 32 mil MWh/ano de energia elétrica, na primeira fase, usando como insumo resíduos de cana-de-açúcar.
O financiamento foi aprovado no programa BNDES Fundo Clima e corresponde a 33% do investimento total de R$ 243,5 milhões previsto no projeto.
O Fundo Clima é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, para apoio a projetos, estudos e empreendimentos que tenham como objetivo a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.
A Geo planeja fornecer biometano na região, onde há forte presença do agro, mas ainda não é atendida por rede de gás natural. O biocombustível também será utilizado para substituir o diesel de parte da frota de caminhões da Uisa, uma das sócias do empreendimento, e a energia elétrica irá suprir a demanda da própria unidade, podendo também ser exportada.
De acordo com ferramenta elaborada pelo BNDES e Fundação Getúlio Vargas, o volume total de carbono capturado será de 9,1 milhões de toneladas, o que equivale ao plantio de 63 milhões de árvores.
“O biogás é alternativa de fonte firme, despachável e escalável para descarbonizar setores como o transporte pesado, a indústria e os consumidores de GLP e óleo combustível”, comenta Alessandro Gardemann, CEO da Geo.
Biorrefinaria no MT
A unidade está sendo construída ao lado da usina de açúcar e álcool da Usinas Itamarati (Uisa), que destinará seus resíduos industriais para o processo produtivo da nova planta.
O projeto prevê que a produção do biogás poderá ocorrer mesmo fora do período de safra de cana, já que a tecnologia de biodigestão anaeróbica permite processar resíduos estocados sem perdas.
Além de biometano e energia elétrica, a unidade também será capaz de produzir biofertilizantes sólidos e líquidos, produtos que serão destinados integralmente à Uisa — como contrapartida ao fornecimento dos resíduos industriais –, para uso nas plantações de cana.
A Uisa está entre as maiores biorrefinarias do Brasil. O modelo de negócio combina plantas industriais para a transformação de matérias-primas renováveis e resíduos em biocombustíveis, energia, alimentos, fertilizantes orgânicos e insumos para nutrição humana e animal.