Biocombustíveis

Bioenergia evitou mais de 85 milhões de toneladas de CO2 no Brasil em 2023

O valor é 16% maior que o registrado antes da pandemia de Covid-19

Distribuidoras de combustíveis terão que adquirir 38,78 milhões de CBIOs em 2024 para cumprir suas metas de redução de emissões no RenovaBio. Na imagem: Usina de etanol São José da Estiva, no município de Novo Horizonte, em São Paulo (Foto: Divulgação/W7 Energia)
Usina de etanol São José da Estiva, no município de Novo Horizonte, em São Paulo (Foto: Divulgação/W7 Energia)

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Diálogos da Transição

APRESENTADA POR


Editada por Nayara Machado
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Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) esta semana aponta que a bioeletricidade e os biocombustíveis estão contribuindo para aumentar a renovabilidade da matriz energética brasileira e reduzir a intensidade de carbono.

De acordo com o levantamento (.pdf), tanto a geração de energia elétrica nas usinas sucroenergéticas quanto a produção de etanol e biodiesel cresceram em 2023, o que resultou em mais de 85,62 milhões de toneladas de CO2 evitadas pela bioenergia.



O valor é 16% maior que o registrado antes da pandemia de Covid-19.

No setor elétrico, a bioeletricidade representou 8,2% da energia elétrica gerada em 2023. A maior parte veio das usinas de etanol, com o bagaço de cana se convertendo em fonte de geração.

Essa participação combinada com a manutenção da geração hidrelétrica e aumentos da geração eólica (+17,4%) e solar fotovoltaica (+68,1%) contribuiu para que a oferta de eletricidade no ano fosse ainda mais renovável do que em 2022, diz a EPE.

E ajudou a deslocar a participação de térmicas a gás natural (-7,9%) e derivados de petróleo (-19,4%).

O que resultou em um fator médio de emissão do Sistema Interligado Nacional (SIN) de 0,0385 tCO2/MWh – cerca de 10% menor que o valor registrado em 2022, além de ser o menor valor dos últimos 12 anos.

“A energia gerada pelas usinas de açúcar e etanol em 2023, utilizada para autoconsumo e exportada para a rede, contribuiu para evitar a emissão de 1,41 MtCO2, 2,3% a mais que as emissões evitadas em 2022 (1,37 MtCO2)”, aponta a EPE.

A melhora contrasta com o cenário geral. Publicado em junho, o Balanço Energético Nacional da EPE mostra que o total de emissões associadas à matriz energética brasileira atingiu 428 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), um ligeiro aumento de 0,8% em relação aos 424,3 Mt CO2-eq registrados em 2022.

Mesmo com as adições de capacidade renovável, a previsão é de aumento nos próximos anos, com as emissões de CO2 associadas à matriz energética crescendo a uma taxa média de 1,73% ao ano desde o ano 2000.


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Biodiesel e etanol

A maior contribuição bioenergética para evitar emissões veio dos biocombustíveis.

O aumento da produção e consumo observados em 2023 fez com que a matriz de transportes apresentasse um perfil 22,5% renovável. Um dos motivos é a retomada do cronograma de aumento da mistura de biodiesel no diesel, que subiu de 10% para 12% no ano passado.

“As emissões evitadas pelo uso de etanol (anidro e hidratado de cana e milho de 1ª geração) e biodiesel, em comparação aos equivalentes fósseis (gasolina e diesel), somaram 84,2 MtCO2 em 2023. Esse valor representa um nível de emissões evitadas 18,5% maior do que o total observado no ano anterior (71,1 MtCO2)”, calcula a empresa de pesquisa.

Novos combustíveis no horizonte

Para a EPE, a bioenergia deve ganhar ainda mais relevância com o avanço da transição energética, especialmente com os biocombustíveis drop-in para o transporte pesado de longa distância, mais difíceis de eletrificar.

Regulações nacionais como o Combustível do Futuro e internacionais como o esquema de compensação de emissões para a aviação (Corsia) e o futuro imposto de carbono do transporte marítimo tendem a impulsionar a demanda pelos renováveis.

Globalmente, o setor de transportes contribui com cerca de um quarto das emissões globais de CO2, devido à queima ser predominantemente de combustíveis fósseis. O transporte marítimo é responsável por 2% a 3% das emissões globais de GEE, enquanto o transporte aéreo mundial responde por cerca de outros 2%.

Na presidência rotativa do G20 este ano, o governo brasileiro tem defendido sua bioenergia como uma alternativa sustentável para descarbonizar esses setores.

Em setembro, o país levará à Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) uma proposta para abrir mercados aos combustíveis de base agrícola. A intenção é defender que se considere características regionais nos cálculos de intensidade de carbono, para mostrar que o uso da terra brasileiro é mais sustentável do que diz o padrão europeu.


Cobrimos por aqui:


Curtas

Combustível do futuro

A Frente Parlamentar pelo Livre Mercado (FPLM) celebrou o acolhimento da emenda que atribui ao produtor a responsabilidade pela mistura de diesel verde (HVO) ao combustível fóssil. A frente divulgou nota nesta sexta (23/8) elogiando o relatório do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB), que acatou a emenda da senadora Tereza Cristina (PP/MS). Leia na epbr

Papel das térmicas em discussão

A possibilidade de reduzir a participação das usinas termelétricas na matriz elétrica do Brasil, mesmo no longo prazo, ainda é vista com desconfiança por agentes do setor. Paralelamente, virtudes como a confiabilidade, despachabilidade e preços mais baixos são considerados imprescindíveis para a estabilidade do sistema. Entenda

Mais 4 GW de geração distribuída

A geração própria de energia ganhou 381 mil novas usinas de janeiro a julho de 2024, com a entrada em operação de 4 GW de potência no período, segundo levantamento da consultoria ePowerBay. Com isso, o país chegou a 30,53 GW de capacidade instalada ao final de julho, sendo 98,99% da fonte solar. Confira o balanço

GD com debêntures

A AXS Energia, do grupo Roca, captou R$ 120 milhões em debêntures incentivadas para a instalação de nove usinas de geração distribuída solar. É a primeira captação para esse tipo de projeto depois da mudança nas regras para debêntures de infraestrutura, com a publicação do decreto 11.964/2024 em março deste ano.

Joint venture para parque híbrido na Bahia

Casa dos Ventos e a produtora de aço ArcelorMittal Brasil anunciaram, nesta sesta (23/8), a formação de uma joint venture para tornar híbrido o Complexo Eólico Babilônia Centro, viabilizando a construção de usinas fotovoltaicas junto ao empreendimento eólico, que está com as obras em fase avançada na Bahia. Os empreendimentos renováveis fornecerão mais de 310 MWm para as operações da ArcerlorMittal no Brasil.

Biocombustíveis contra facilitação da entrada de diesel

Agentes do setor de biocombustíveis aderiram ao protesto puxado pelo ICL, IBP e outras entidades contra a manobra do estado do Maranhão para permitir a importação de diesel com diferimento do ICMS-Importação. A nota conjunta, publicada na quinta-feira (22/8), conta agora com o apoio dos produtores de biodiesel. Assinam a manifestação a Aprobio, Abiove e Ubrabio. Após a reação, o governo do Maranhão revogou o decreto.