Biocombustíveis

Bioenergia evitou emissão de 15 milhões de toneladas de CO2 no primeiro tri de 2024

Mato Grosso, Goiás e São Paulo foram os estados com maior presença da bioenergia e menor quantidade de emissões de GEE gerada por veículos leves

Bioenergia reduz emissão em 15 milhões de toneladas de CO2 (GEE) no primeiro trimestre de 2024, mostra levantamento do Observatório da Bioeconomia da FGV. Na imagem: Bomba de abastecimento de diesel (na cor preta) e etanol (na cor verde) em posto de combustíveis (Foto: Alexander Fox/planet_fox/Pixabay)
Bomba de abastecimento de diesel e etanol em posto de combustíveis (Foto: Alexander Fox/planet_fox/Pixabay)

Levantamento do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que, no primeiro trimestre de 2024, o consumo energético de combustíveis por veículos leves cresceu 3,5% e o consumo do ciclo diesel avançou 3,6% na comparação com igual período do último ano.

No entanto, o maior uso de biocombustíveis ajudou a reduzir a intensidade de emissões de gases de efeito estufa no período.

Somente no ciclo Otto, as emissões evitadas pela bioenergia alcançaram 10,6 milhões de toneladas de CO2eq, representando o segundo maior valor trimestral registrado desde o início do estudo. O volume equivale ao plantio de 26,2 mil hectares de florestal tropical.

O boletim de monitoramento de descarbonização na matriz de combustíveis leves aponta que nos três primeiros meses de 2024, o etanol anidro misturado à gasolina e o etanol hidratado consumido diretamente pelos veículos foram responsáveis por 41,4% da energia consumida pelos veículos leves – maior valor registrado ao longo dos últimos 12 trimestres da série.

“A vantagem econômica do etanol e a safra recorde no ciclo 2023/2024 intensificaram as vendas do biocombustível no início de 2024, permitindo que participação do hidratado atingisse expressivos 26,3% no consumo energético total da frota leve no primeiro trimestre deste ano – valor significativamente superior aos 17,7% observados no mesmo período de 2023”, explica o Observatório.

De acordo com os analistas, a maior participação do etanol e os ganhos de eficiência energético-ambiental da produção permitiram que a intensidade média de carbono da matriz de combustíveis leves atingisse 62,6 gCO2eq/MJ no primeiro trimestre, alcançando o menor valor observado desde o início de 2021.

Entre as unidades da federação, a variação da intensidade média de carbono da matriz do ciclo Otto foi significativa.

Mato Grosso (51,7 gCO2eq/MJ), Goiás (57,5 gCO2eq/MJ) e São Paulo (58,2 gCO2eq/MJ) foram os estados com maior presença da bioenergia e menor quantidade de emissões de GEE originadas da queima de um megajoule de energia pelos veículos leves.

Emissões de ônibus e caminhões

O consumo de diesel B (mistura de diesel puro com 14% de biodiesel) atingiu 15,6 bilhões de litros vendidos ante 15,2 bilhões contabilizados no mesmo trimestre de 2023.

A intensidade média de carbono ficou em 78,7 gCO2eq/MJ no primeiro trimestre, o menor valor observado desde o início do RenovaBio, segundo o observatório.

As emissões evitadas pela adição de biodiesel ao diesel que abastece ônibus e caminhões alcançaram 4,4 milhões de toneladas de CO2eq, equivalente ao plantio de 10,5 mil hectares de floresta tropical.

“Depois de um período conturbado com redução da mistura de biodiesel e eliminação do diferencial tributário do etanol no ciclo Otto, observamos uma recuperação da bioenergia no mercado nacional ao longo dos trimestres de 2023”, comenta Luciano Rodrigues, coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório.

“Seguindo essa tendência, os resultados do primeiro trimestre de 2024 surpreenderam ao registrarem emissão evitada pela bioenergia 26,4% superior àquela observada no mesmo período de 2023”, completa o pesquisador.