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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição está de volta, de 29/8 a 2/9
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Representando dois terços do consumo de energia renovável em todo o mundo — e 12% do consumo final de energia — a bioenergia poderia representar um quarto da oferta total de energia primária até 2050, mostra recente relatório da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, na sigla em inglês).
Para isso, a contribuição da chamada bioenergia moderna precisa aumentar em todos os usos finais até 2030, o que significa mais biomassa e biogás para aquecimento e indústria, além de biocombustíveis líquidos e biometano para transporte.
E também: vencer barreiras de custos e riscos relacionados à cadeia de suprimentos, por exemplo.
Segundo a Irena, essa fonte vem aumentando sua participação significativamente nos últimos anos, especialmente no Brasil, China, União Europeia e Estados Unidos, no entanto, a taxa de crescimento ainda está bem abaixo do necessário para atingir as metas de emissões líquidas zero.
“A menos que sejam tomadas medidas de política, a implantação de bioenergia não atingirá os níveis alinhados com o cenário de 1,5°C”, destaca o relatório.
Custo é a barreira mais significativa
Em geral, combustíveis de base biológica custam mais do que os fósseis, o que dificulta o acesso ao mercado — já que consumidores querem combustíveis mais baratos.
Além disso, os produtores precisam, cada vez mais, desenvolver cadeias de suprimentos compatíveis com os requisitos de sustentabilidade, o que adiciona novos custos às operações.
“Medidas de apoio financeiro e fiscal podem garantir que a produção e o uso de fontes de bioenergia sejam rentáveis para as empresas e acessíveis para os consumidores finais”, pontua o documento.
Isso inclui: eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis, políticas de precificação do carbono, políticas para reduzir impostos sobre a bioenergia e medidas para facilitar o financiamento.
“A eliminação gradual dos subsídios à produção e ao consumo de combustíveis fósseis é urgentemente necessária — especialmente para os países do G20, que respondem pela maior parte dos subsídios — para corrigir a distorção do mercado de energia e nivelar as condições para as energias renováveis”.
Preço do carbono
Políticas de precificação de carbono, incluindo impostos sobre carbono e sistema de comércio de emissões (ETSs), também podem ser importantes para internalizar custos — desde que bem desenhadas para refletir o contexto local e evitar o agravamento da situação das pessoas de baixa renda.
Ao mesmo tempo, o preço do carbono precisa ser alto o suficiente para tornar a bioenergia competitiva em termos de custos em comparação com as opções de combustíveis fósseis.
“Os preços baixos do carbono também podem enfraquecer o efeito do ETS, para o qual são necessárias medidas adicionais, como um piso garantido para o preço do carbono. Por exemplo, o Reino Unido estabeleceu preços mínimos para seu ETS para garantir que os preços não caiam abaixo de um limite e desencorajem o investimento”.
- Em 2021, as políticas de precificação de carbono cobriram cerca de 21,5% das emissões globais de gases de efeito estufa.
- Como país com a maior iniciativa, a China lançou oficialmente seu ETS nacional em 2021, cobrindo 30% de sua emissão nacional de GEE ou cerca de quatro bilhões de toneladas de CO2.
— Para aprofundar: Como comprometer o primeiro mercado regulado de carbono do Brasil Em artigo, Edson Rodrigo Toledo Neto, sócio-conselheiro da Green Bonds Brasil, analisa a interferência do governo de Jair Bolsonaro nos créditos de descarbonização do Renovabio e o decreto que regula o mercado de carbono brasileiro.
Alerta de sustentabilidade
O conceito de sustentabilidade deve ser central para o desenvolvimento futuro da bioenergia, diz o relatório.
Na última década, a sustentabilidade da bioenergia tem sido alvo de críticas e posta à prova, especialmente em questões relacionadas ao uso da terra.
“Garantir a sustentabilidade da bioenergia ao longo da cadeia de suprimentos, incluindo principalmente as matérias-primas de biomassa, é o elemento mais fundamental da formulação de políticas de bioenergia”, alerta.
Essa garantia passa por uma estrutura de políticas com metas e planejamento de longo prazo, além de coordenação entre diferentes departamentos e ministérios, regulamentos, esquemas de certificação e parcerias.
Cobrimos por aqui:
- Reino Unido quer aumentar oferta de bioenergia investindo em captura de carbono
- UE quer aumentar parcela de biocombustíveis avançados para 2,2% até 2030
- Interferência de Bolsonaro em prazos do RenovaBio compromete mercado de carbono, diz associação
Brasil mais fóssil
A participação de combustíveis fósseis na matriz energética brasileira cresceu 12,4% em 2021, em razão da crise hídrica, enquanto as renováveis tiveram queda de 3,8% na oferta interna de energia — totalizando 44,7% da matriz.
De acordo com a edição de 2022 da Resenha Energética Brasileira, publicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), a geração hidráulica e a partir de derivados de cana-de-açúcar — afetada pela estiagem e baixas temperaturas em junho e julho em importantes regiões produtoras — puxaram o indicador para baixo.
A queda só não foi maior por causa do aumento de 13,2% na geração eólica e solar, que representou aumento de 0,7 ponto percentual na matriz energética nacional.
Do lado dos fósseis, o carvão avançou 21,3% e o gás natural 18,9%, com especial uso para geração elétrica e no setor industrial.
Fornecedor sustentável
A produtora de biodiesel BSBIOS lançou na segunda (22/8) o Programa Crédito de Fornecedor Sustentável 2SC, visando a sustentabilidade da cadeia de suprimentos.
“O objetivo é construir juntamente com os parceiros da BSBIOS uma cadeia de fornecimento de matéria-prima sustentável para a produção de biocombustíveis, que atendam as demandas dos mercados interno e externo”, disse o presidente da empresa, Erasmo Carlos Battistella, durante o lançamento em Passo Fundo (RS).
A BSBIOS estabeleceu o objetivo de ser carbono neutro nos escopos 1 (operações diretas) e 2 (energia utilizada nos processos) até 2030 e espera, com o anúncio do programa 2SC, começar o processo para atingir a meta do escopo 3 (cadeia de suprimentos), que envolve a neutralidade de toda a cadeia produtiva.
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