Economia circular

Petrobras vai financiar 'atlas' de biometano na Amazônia

Parceria da Petrobras com universidades e institutos vai mapear potencial de biocombustíveis na região e testar conversão de resíduos pesqueiros em energia

Pesca do Mapará, no Amazonas (Foto Emerson Martins/Sepror Amazonas)
Pesca do Mapará, no Amazonas (Foto Emerson Martins/Sepror Amazonas)

JUIZ DE FORA — A Petrobras e instituições de pesquisa vão elaborar um Atlas detalhado sobre o potencial de produção de biogás, biometano e biodiesel na Amazônia e em todo o Brasil.

O projeto faz parte de acordo assinado com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a FGV Energia e o Instituto Senai de Inovação (ISI Biomassa) para transformar resíduos da pesca em biocombustíveis e biogás na Amazônia Legal.

O projeto foi formalizado nesta quinta-feira (5/6) pela presidente da estatal, Magda Chambriard, no Rio de Janeiro.

A iniciativa pretende reduzir a poluição de rios e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) geradas pelo descarte inadequado de sobras da atividade pesqueira, afirmou a Petrobras em nota. Entre as soluções em estudo estão a produção de biodiesel, biogás e biometano a partir desses resíduos, além do uso de subprodutos para biofertilizantes e ração animal.

Uma planta piloto modular deve ser testada no campus da UFAM, servindo como modelo para outras regiões. A proposta é integrar processos de economia circular, transformando resíduos em energia e produtos secundários. 

O acordo também prevê análises técnicas e econômicas, com possibilidade de desenvolvimento de patentes e novos modelos de negócios, incluindo créditos de carbono, segundo o anúncio. 

Além dos benefícios ambientais, para a Petrobras, o projeto pode impulsionar a indústria local e gerar renda para comunidades ribeirinhas, com atenção especial à participação de mulheres, que têm papel central no setor pesqueiro da região.

Em discurso, Chambriard destacou o compromisso da estatal com inovação e sustentabilidade. “Entendemos que o esforço em prol de um Brasil mais rico, mais desenvolvido tecnologicamente e mais limpo é o nosso legado para as gerações futuras”, afirmou.

Parceria com Embrapii para pesquisa em energias limpas

No mesmo dia, a Petrobras assinou um protocolo de intenções com a Embrapii para colaboração em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O foco será em energias renováveis, tecnologias digitais e eficiência energética, tendo a economia circular como primeiro tema de trabalho.

O acordo prevê a seleção conjunta de projetos prioritários, reunindo universidades, centros de pesquisa e empresas. A Embrapii, criada em 2013, atua como articuladora entre o setor privado e instituições científicas para acelerar inovações industriais.

Petrobras acelera compras de biometano para cumprir meta de descarbonização

Em janeiro, a Petrobras lançou um edital para a aquisição de biometano com o objetivo inicial mapear o mercado sob o ponto de vista da oferta.

O anúncio foi feito pelo então diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tolmasquim. A medida, segundo a companhia, visa atender ao mandato da Lei do Combustível do Futuro, que estabelece a mistura de 1% de biometano no gás natural a partir de 2026.

A Petrobras aceitará tanto a aquisição da molécula física — que será injetada na rede de gás natural — quanto os Certificados de Garantia de Origem (CGOB), mecanismo criado para flexibilizar o cumprimento da meta. “A gente pode aceitar o certificado isoladamente ou o biometano com o certificado”, afirmou Tolmasquim.

A demanda potencial para 2026 para cumprir com a adição de 1% de biometano ao consumo de gás natural é de 700 mil m³/dia, estima a companhia. Empresas interessadas em vender para a Petrobras precisam ofertar, no mínimo, 20 mil m³/dia, e contratos de 11 anos de duração.

Tolmasquim afirmou que a companhia também passará a produzir o biometano e já tem conversado com empresas do setor. Reforçou, ainda, que a demanda pelo combustível é expressiva e que a oferta precisa avançar.

“A gente precisa olhar a oferta de terceiros. É importante para ter uma ideia de preços, porque se a gente não tem, por exemplo, o biometano como commodity, não tem uma referência de preço”.

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