BRASÍLIA – A implementação de tecnologias ligadas à bioeconomia tem o potencial de injetar US$ 592,6 bilhões em receitas anuais a mais no Brasil, enquanto reduz a emissão de 28,9 bilhões CO2 até 2050 (65% das emissões nacionais), calcula um estudo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI).
Publicado na sexta (8/11), o mapeamento é a segunda edição da “Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil” divulgada em 2022.
A atualização chegou às vésperas da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29), que teve início nesta segunda (11/11) no Azerbaijão.
“Os números destacam a importância de se avançar na descarbonização por meio de negociações internacionais e também da aprovação do Mercado Regulado de Carbono”, comenta o presidente executivo da ABBI, Thiago Falda.
Para gerar esse volume de receitas, a associação calcula que serão necessários US$ 257 bilhões em investimentos até 2050.
“Um investimento que resultará em desenvolvimento econômico sustentável, para diversas partes do país”, defende o executivo.
Rotas tecnológicas
O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Instituto Senai/CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), a Embrapa Agronenergia e o Laboratório Cenergia (UFRJ) e avaliou mais de 20 rotas tecnológicas e mais de 22 produtos da bioeconomia, de forma regionalizada.
São consideradas questões como eficiência energética, potencial de descarbonização, desmatamento zero, investimento e receitas.
Para Falda, os resultados confirmam a vocação do Brasil para liderar a “revolução tecnológica centrada na produção de baixas emissões de carbono”.
Para os biocombustíveis, o potencial de produção seria de 570 milhões de metros cúbicos em 2050, que gerariam receitas anuais de US$ 234 bilhões.
Já na cadeia de bioquimícos, são projetadas receitas de US$ 34 bilhões por ano com a oferta de 14 milhões de toneladas em 2050.
Outro potencial está na cadeia de proteínas alternativas, que poderia chegar a 9,8 milhões de toneladas no período e receita anual de US$ 114 bilhões.
“Ao somarmos todos esses setores e incluirmos os bioinsumos é possível recuperar 117 milhões de hectares no Brasil. Com essas ações, o potencial de mitigação em 30 anos (2020-2050) seria de 29 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponderia a preservar até 248 milhões de hectares de florestas nativas”, aponta o estudo.