Biden diz que vai capacitar empresas e trabalhadores para revolução da energia limpa

EUA e aliados estudam liberação de 70 milhões de barris de reservas estratégicas de óleo
o presidente dos EUA, Joe Biden afirmou que país "liberará barris adicionais de petróleo quando as condições o justificarem"

O novo presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta quarta (20) que capacitará os trabalhadores e empresas americanas para liderar uma revolução de energia limpa. A medida faz parte da prioridade climática de seu governo, que com o retorno dos EUA ao Acordo de Paris.

A revolução prevista por Biden está precificada em US$ 2 trilhões e pretende combater mudanças climáticas com investimentos em energia limpa nos setores de infraestrutura, transporte e construção. A meta é que os recursos aportados nos próximos quatro anos impulsionem o país para zerar as emissões na geração de energia nos próximos 15 anos, um desafio bastante ousado.

O novo presidente anunciou na noite desta quarta o nome de 34 funcionários públicos de carreiras que vão comandar as secretarias e agências durante o processo de transição de governo, quando os indicados para as pastas ainda precisam ser sabatinados e aprovados para assumirem o cargo.

O Departamento de Energia será comandado interinamente por David Huizenga até a confirmação do nome de Jennifer Granholm, ex-governadora de Michigan.

“Esses servidores públicos têm experiência significativa nas agências que agora irão liderar temporariamente. Eles desempenharão um papel importante enquanto o governo Biden se prepara para coordenar uma abordagem de todo o governo para enfrentar os desafios que o país enfrenta, restaurar a confiança em nosso governo e garantir que o governo federal – e suas muitas agências – sirva o povo americano”, diz o comunicado.

O primeiro dia do governo Biden mostra que a indústria de óleo e gás não terá vida fácil nos EUA. O novo presidente deve assinar ainda nesta quarta decreto cancelando a construção do polêmico oleoduto Keystone XL, projetado para interligar as produções petrolífera do estado canadense de Alberta a Montana, na região Oeste dos EUA.

O projeto foi vetado por Barack Obama, em 2015, com o entendimento que poderia minar o papel de protagonista dos EUA nas políticas globais contra mudanças climáticas por conta de seus impactos ambientais.  Mas projeto acabou sendo autorizado por Donald Trump em março de 2017.

Mais cedo, a TC Energia, responsável pelo projeto do duto, se antecipou ao anúncio do governo e cancelou o andamento do projeto.

“A decisão derruba um processo regulatório abrangente e sem precedentes que durou mais de uma década e concluiu repetidamente que o gasoduto transportaria a energia tão necessária de uma forma ambientalmente responsável, enquanto aumentava a segurança energética da América do Norte. A ação leva diretamente à demissão de milhares de trabalhadores sindicalizados e impacta negativamente os compromissos inovadores da indústria de usar novas energias renováveis, bem como as parcerias históricas com comunidades indígenas”, diz a empresa em nota.

[sc name=”adrotate” ]

Bolsonaro envia carta para Biden

O presidente Jair Bolsonaro enviou para Joe Biden uma carta defendendo que a relação dos dois países é longa, sólida e baseada em valores elevados, como a defesa da democracia e das liberdades individuais. Aliado de primeira hora de Donald Trump, o presidente brasileiro relutou em reconhecer a vitória de Biden e chegou a dizer, sem provar, que as eleições nos EUA foram fraudadas.

Se apegou na transição energética para propor o aumento da cooperação entre os dois países.

“O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e, junto com os EUA, é um dos maiores produtores de biocombustíveis. Tendo sido escolhido país líder para o diálogo de alto nível na ONU sobre Transição Energética, o Brasil está pronto para aumentar a cooperação na temática das energias limpas”, diz a carta.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também postou nas redes sociais sobre a posse de Joe Biden. Araújo escreveu que, com Bolsonaro, o Brasil retomou a vocação de uma parceria profunda com os EUA.

“Esperamos, agora com o Presidente Biden, aprofundar essa parceria, diante dos novos desafios que se deparam aos nossos ideais comuns”, escreveu.

[sc name=”adrotate” ]

Discurso de União

Biden chega à Presidência com a missão de unificar os Estados Unidos. Em tom conciliador, repetiu em vários momentos de seu discurso de posse que será o presidente de “todos os americanos”.

“A política não precisa ser fogo que queima e destrói tudo em seu caminho”, afirmou. “Nós precisamos ser diferentes disso. Nós precisamos ser melhores que isso”, completou, defendendo que é  o momento de união para enfrentar inimigos como raiva, ódio, extremismo, violência, doença, desemprego e desesperança.

Ressaltou os efeitos do novo coronavírus, que provocou morte de centenas de milhares de americanos e afetou a economia, e as mudanças climáticas como desafios da sua administração.

“Superar esses desafios, restaurar a alma e garantir o futuro da América exige muito mais do que palavras e requer o mais elusivo de todas as coisas em uma democracia: a unidade”, argumentou Biden.

A Primeira VP dos EUA

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, faz o juramento do cargo no Capitólio dos Estados Unidos, Washington, D.C., em 20 de janeiro de 2021. Foto DoD: Sargento do Exército dos EUA Charlotte Carulli

Senadora pela Califórnia, Kamala Harris é a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ser vice-presidente dos Estados Unidos. No cargo, ela também acumulará a posição de presidente do Senado.

É formada em artes pela Universidade de Howard e em direito pela Faculdade de Direito Hastings da Universidade da Califórnia.  Kamala Harris foi eleita procuradora-geral da Califórnia em 2010, reelegendo-se em 2014. Em 2016, elegeu-se senadora pela Califórnia. .

Com o Senado dividido igualmente entre democratas e republicanos (50 cadeiras para cada partido), Kamala Harris terá o voto decisivo em muitos momentos cruciais, já que como vice-presidente exerce o poder de desempate. Um de seus primeiros atos oficiais no cargo será dar posse aos novos senadores democratas, Rapahel Warnock e Jon Ossoff.

Com Agência Brasil

[sc name=”newsletter” ]