Gás Natural

Biden congela licenças para novos projetos de exportação de GNL dos EUA

Maior exportador de GNL do mundo é a principal fonte de importação do Brasil

Joe Biden congela a análise de licenças para novos projetos de exportação de GNL dos EUA. Na imagem: Joe Biden discursa a um grupo de líderes da comunidade judaica, na Sala do Tratado Indiano, sobre seu apoio a Israel após os recentes ataques terroristas do Hamas, em 11/10/2023 (Foto: Adam Schultz/White House)
Joe Biden discursa a um grupo de líderes da comunidade judaica, na Sala do Tratado Indiano, sobre seu apoio a Israel após os recentes ataques terroristas do Hamas (Foto: Adam Schultz/White House)

O governo dos Estados Unidos vai congelar, temporariamente, a aprovação de novos projetos de exportação de gás natural liquefeito (GNL) no país.

Pressionado por grupos ambientalistas, no meio de uma corrida eleitoral para a presidência em 2024, a administração Joe Biden decidiu suspender as análises pendentes de licenças para novas plantas de liquefação enquanto o Departamento de Energia (DoE) reavalia os impactos da indústria.

“A minha Administração anuncia hoje [26/1] uma pausa temporária nas decisões pendentes sobre as exportações de GNL – com excepção de emergências de segurança nacional imprevistas e imediatas. Durante este período, analisaremos atentamente os impactos das exportações de GNL nos custos da energia, na segurança energética da América e no nosso ambiente. Esta pausa nas novas aprovações de GNL vê a crise climática como ela é: a ameaça existencial do nosso tempo”, citou Biden, em pronunciamento oficial.

Os Estados Unidos se tornaram o maior exportador de GNL do mundo em 2023, ultrapassando o Catar e a Austrália. São os principais fornecedores do Brasil e têm se posicionado como uma fonte importante de gás para a Europa, em alternativa ao gás russo.

A previsão é que a capacidade de exportação de GNL dos EUA cresça dos 84 milhões de toneladas/ano em 2023 para mais de 181 milhões de toneladas/ano em 2030 – o que representaria quase 30% da produção global de gás natural liquefeito ao fim da década, de acordo com a S&P Global Commodity Insights.

Ambientalistas pressionam

Ambientalistas alegam que continuar a permitir a construção de grandes plantas de exportação de GNL prejudicaria os objetivos climáticos da administração Biden.

De acordo com o grupo ambientalista Sierra Club, a suspensão de novas licenças, anunciada pelo governo americano, marca um “importante ponto de virada” na luta contra as emissões e demais impactos ambientais da indústria do gás nos EUA.

Em nota, o diretor executivo do Sierra Club, Ben Jealous, questionou o interesse público de novos projetos de liquefação do país.

“Esta decisão é uma grande vitória para as comunidades e defensores que há muito falam sobre os perigos do GNL e deixa claro que a administração Biden está ouvindo os apelos para acabar com a dependência da América de combustíveis fósseis sujos e garantir um futuro habitável para todos nós”, comentou.

Indústria de óleo e gás reage

O Instituto Americano de Petróleo (API, na sigla em inglês) emitiu, na véspera do anúncio do governo Biden, uma carta conjunta  com outras entidades representativas do setor, nos EUA, alertando para os efeitos da medida. Segundo a indústria local, a suspensão pode reforçar a influência russa na geopolítica do gás.

O documento destaca o papel crítico que as exportações contínuas de GNL dos EUA desempenham na salvaguarda da segurança nacional, na criação de empregos, no apoio aos mercado europeu e na contribuição para os objetivos climáticos globais – quando considerado o gás como um substituto do carvão na economia local e na Ásia.

“O fornecimento abundante de gás natural do nosso país é uma ferramenta geopolítica impactante, ajudando a proteger os consumidores americanos da crescente instabilidade global, ao mesmo tempo que promove os interesses nacionais americanos e garante a segurança energética dos principais aliados dos EUA”, escreveram os grupos.

A carta cita que o governo Biden já estendeu o processo de licenciamento de GNL, de sete sete semanas para 11 meses, na média, e que quaisquer mudanças adicionais nas aprovações de licenças de exportação representariam um “acréscimo desnecessário a um processo burocrático já oneroso”.