O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) assinou, no final de fevereiro, um acordo de cooperação com o BNDES para criar um sistema de validação e aumento da emissão de títulos verdes no Brasil.
A ideia é estabelecer uma espécie de marco normativo para validar projetos aptos a captar recursos por meio desse tipo de emissão.
Amazônia, Pantanal e semiárido do Nordeste foram elencados como locais estratégicos para as iniciativas sociais e de sustentabilidade que serão apoiadas no biênio 2021-2022 – áreas que têm chamado a atenção de parceiros privados e bancos multilaterais de desenvolvimento, de acordo com diretor de Crédito e Garantia do BNDES, Petrônio Cançado.
O objetivo é estimular o crescimento dessa modalidade de financiamento no Brasil, apesar de não haver previsão no curto prazo de emissão desse tipo de título no mercado nacional por fruto da parceria.
O BNDES também pretende estimular o mercado voluntário de crédito de carbono, para garantir que as ofertas desses ativos encontrem demanda no mercado brasileiro.
O banco destaca o projeto Mais Luz Amazônia, trabalho em cooperação com o Ministério de Minas e Energia (MME) para captação de recursos internacionais, que deverá beneficiar 82 mil famílias sem acesso à eletricidade em áreas remotas da Região Norte.
“Especialmente em momentos de crise econômica como essa por causa da covid-19, é nosso papel, como banco público de desenvolvimento, assumir a função anticíclica e gerar iniciativas positivas, que possam propiciar a retomada do crescimento em bases mais sustentáveis”, diz Petrônio.
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Infraestrutura de olho nos green bonds
Os títulos verdes (ou green bonds) são emissões de dívida para financiamento de projetos com benefícios ambientais mensuráveis, auditados por organizações ou empresas independentes.
Em 2019, o mercado brasileiro de títulos verdes movimentou US$ 1,2 bilhão, quase seis vezes mais que o registrado no ano anterior (US$ 209 milhões), de acordo com monitoramento da Climate Bonds Initiative (CBI).
As apostas estão na infraestrutura e no agronegócio.
Este ano, o Ministério da Infraestrutura planeja realizar o leilão da Ferrogrão e do primeiro trecho da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) com a possibilidade de emitir green bonds para captar financiamento no mercado.
A certificação das ferrovias é o primeiro resultado do acordo firmado, em 2019, entre o governo e o CBI, que monitora o mercado e atua na criação de regras.
A pasta também espera enquadrar como verdes os projetos de concessão de portos e aeroportos.
No agronegócio, a FS Agrisolutions, maior produtora de etanol de milho do país, captou US$ 550 milhões por meio de títulos verdes, na primeira emissão de dívida da empresa no mercado internacional. A operação foi anunciada em dezembro do ano passado.
Por Bete Nogueira, da Alter Conteúdo Relevante
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