BHP, Vale e Rio Tinto querem eletrificar caminhões usados nas minas

Caminhões elétricos: Desafio Charge On quer gerar soluções para substituir o diesel por baterias e reduzir emissões
Foto: Divulgação Vale

As três das maiores mineradoras do mundo, BHP, Vale e Rio Tinto, anunciaram nesta quinta (13) uma chamada global para atrair empreendedores e startups e desenvolver soluções de eletrificação para grandes caminhões usados em minas.

O Desafio de Inovação Charge On quer gerar soluções para substituir o diesel por baterias e, assim, reduzir emissões de gases do efeito estufa nas operações das três companhias, todas comprometidas com metas de carbono neutro até 2050.

Por se tratarem de grandes caminhões, o desafio será diminuir o tempo de carregamento dos veículos, que atualmente é muito longo e prejudica a produtividade.

A indústria de mineração precisa de tecnologias de carga rápida e em escala, capazes de fornecer cerca de 400 kWh para carregar e impulsionar um caminhão dentro do ciclo de transporte, que envolve carga, deslocamento, despejo, retorno e fila.

“A eletrificação da mina requer uma integração considerável entre o planejamento e as operações. Precisamos desenvolver novas soluções de carregamento que possam ser incorporadas em nossas operações em paralelo ao desenvolvimento de caminhões a bateria, para garantir a criação de um sistema de transporte elétrico verdadeiramente sustentável em todos os aspectos: limpo, competitivo e flexível”, afirma Carlos Mello, diretor de Engenharia de Ferrosos da Vale.

Para o presidente da BHP Minerals Austrália, Edgar Basto, as ideias inovadoras que surgirem do projeto também poderão ser aplicadas imediatamente em equipamentos diesel-elétricos já existentes.

“Sabemos que esses desafios não serão resolvidos da noite para o dia, mas juntos podemos encontrar os melhores conceitos que podem ser aplicados em toda a indústria”, completou.

Já o executivo de Projetos do Grupo Rio Tinto, Mark Davies, espera que a iniciativa gere benefícios de longo prazo para a indústria de mineração e o meio ambiente.

“Este é um apelo global aos inovadores para mudar a forma como os sistemas de caminhões de transporte operam no setor de mineração. A inovação é a chave para a descarbonização”.

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Navios e trens

Além dos futuros caminhões, a Vale está realizando testes de descarbonização nas suas frotas de trens e navios.

Nesta quinta (13) a frota de navios da mineradora brasileira passou contar com o primeiro mineraleiro de grande porte do mundo equipado com sistema de velas rotativas.

O Guaibamax, com 325 mil toneladas de capacidade, possui cinco velas instaladas ao longo da embarcação que permitem um ganho de eficiência de até 8% e uma consequente redução de até 3,4 mil toneladas de CO2 equivalente por navio ao ano.

Se apresentar bons resultados, estima-se que pelo menos 40% da frota esteja apta a usar a tecnologia, o que impactaria em uma redução de quase 1,5% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da Vale.

A companhia também aposta em combustíveis alternativos.

Dezenas de navios já em operação foram projetados para futura instalação de sistema de gás natural liquefeito (GNL).

Além disso, um projeto da mineradora está desenvolvendo um tanque multi-combustível, capaz de armazenar e consumir, não só GNL, como metanol e amônia.

“Um estudo preliminar para os navios da categoria do Guaibamax estima que a redução de emissões pode variar entre 40% a 80% quando movidas a metanol e amônia, ou em até 23% no caso do GNL”, explica o gerente de engenharia naval da Vale, Rodrigo Bermelho.

No ano passado, a companhia anunciou um investimento de pelo menos US$ 2 bilhões para reduzir em 33% suas emissões até 2030 e em 15% as emissões de fornecedores até 2035 — com base nas emissões de 2018 –, até alcançar a neutralidade em 2050.

A mineradora também está fazendo testes com uma locomotiva 100% elétrica. Resultado de uma parceria com a Progress Rail, o equipamento está rodando na Estrada de Ferro Vitória-Minas, ferrovia operada pela Vale.

Atualmente, as emissões das ferrovias representam cerca de 10% do total de emissões de escopo 1 e 2 da companhia (provenientes de fontes próprias ou do controle operacional). Se a tecnologia se mostrar viável, os equipamentos elétricos poderão contribuir para reduzir as emissões das ferrovias.

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