BRASÍLIA — O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu nesta segunda (6/5) que a capital Belém será capaz de entregar as obras de infraestrutura necessárias para receber, em novembro do ano que vem, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
“O presidente [Lula] talvez dissesse: ‘vamos fazer em uma cidade que está pronta, que está acostumada a grandes eventos’. [Mas decidiu que] estamos colocando que a COP30 não será apenas um evento, é um novo paradigma para a floresta, para a Amazônia e para o Brasil”, disse o governador durante evento de anúncio de recursos da Itaipu para as obras da cidade.
Na manhã desta segunda, o governo federal assinou três convênios com a Itaipu Binacional destinando R$ 1,3 bilhão para investimentos em infraestrutura na capital do Pará. Belém foi escolhida pelo governo brasileiro para sediar a maior cúpula internacional sobre o clima por ser uma cidade amazônica.
“É muito importante que as pessoas que defendem a Amazônia e o clima conheçam de perto a região. Para que possam discutir a Amazônia a partir de uma realidade concreta”, disse Lula (PT) em novembro de 2022, quando anunciou, na COP27, que o Brasil iria receber a cúpula de 2025.
Assinados pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, os convênios se destinam a obras que vão preparar Belém para receber chefes-de Estado, ministros de Clima, Meio Ambiente e Energia e delegações de quase 200 países.
Experiência amazônica
Nesta segunda, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), voltou a defender a visão de que é importante que as discussões sobre a Amazônia ocorram na Amazônia.
“O presidente Lula resolveu não só sediar a COP, [mas] sinalizar para o mundo objetivamente, no local da COP, uma reflexão para o planeta, fazendo a COP na floresta, ao lado de grandes e importantes rios e de um biossistema absolutamente relevante para o planeta. Não só provocar na imaginação do que é um ambiente sustentável, [Lula] resolveu de fato fazer presenciar, sentir, ver. Os olhos do mundo inteiro irão ver a floresta”, disse Costa.
“Faremos a mais extraordinária COP de todos os tempos (…) Não queremos fazer a COP como fez Dubai, com seus grandes prédios, suas grandes avenidas. Quem queria hotel seis estrelas, prédios de 50, 60 andares, teve a oportunidade de viver essa experiência em Dubai. Quem quiser ver os grandes rios, as grandes árvores e os povos da floresta, será em Belém do Pará”, reforçou Helder Barbalho.
Obras estruturantes
Para o governador do Pará, a realização do evento em Belém marca uma mudança de paradigma para a região.
“Obras que certamente farão com o que Belém seja uma cidade melhor (…) Continuaremos tendo passivos, dificuldades, mas certamente Belém, o estado do Pará e a Amazônia, serão uma região mais próspera, contribuindo para os desafios ambientais e sociais”.
Em novembro de 2023, o BNDES já havia anunciado cerca de R$ 3,2 bilhões em crédito para preparar a sede da COP30, condicionado a investimentos estruturantes que deixem legado para a cidade.
O foco é a estrutura urbana, em áreas como saneamento, drenagem, abastecimento de água, mobilidade urbana, novas vias, parques turísticos, melhoramento da malha e do transporte coletivo, distribuição de energia elétrica, conectividade e ampliação da rede de turismo e lazer da cidade, entre outros temas.
Destino dos R$ 1,3 bi
Um dos convênios, no valor de R$ 1 bilhão, foi firmado com a Secretaria de Estado de Obras Públicas, para implantação do Parque Linear Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco, além de 50 km de rede coletora de esgoto, 4,8 mil ligações de esgoto, pavimentação de vias de acesso à COP30, implantação de vias marginais do Canal Água Cristal, equipamentos de controle de tráfego, entre outras.
O segundo, no valor de R$ 323,5 milhões, assinado entre Itaipu e a Prefeitura de Belém, prevê a implantação do Parque Urbano Igarapé São Joaquim, incluindo projetos de arquitetura, paisagismo, rede esgoto, abastecimento, iluminação pública, pavimentação e sinalização viária.
A revitalização do Complexo Ver-o-Peso, símbolo da capital paraense que abriga um dos mercados mais antigos do Brasil, e a restauração do Mercado Municipal de São Brás, também fazem parte do acordo.
Outro convênio, no valor de R$ 41,8 milhões envolvendo a Itaipu, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), a Prefeitura de Belém e a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), mira o desenvolvimento de metodologia para a gestão de resíduos sólidos, ações de educação ambiental e de inovação em biotecnologia.