BRASÍLIA – A Begreen, constituída pela fusão do Migratio Soluções, da Phama Energias Renováveis e da Torao Participações, planeja produzir três milhões toneladas anuais de amônia verde em Passo Fundo no Rio Grande do Sul.
Com investimentos privados de aproximadamente R$ 140 milhões, o empreendimento prevê parceria com a Universidade de Passo Fundo, que produzirá o insumo e fará os testes laboratoriais e de campo.
Serão avaliadas formulações, dosagens e a aplicação em diferentes culturas para entender o potencial de fertilizantes nitrogenados em solos brasileiros.
Bernadete Maria Dalmolin, reitora da Universidade de Passo Fundo conta que o projeto prevê a possibilidade de uma planta de produção do hidrogênio e amônia verdes ser abrigada na própria universidade. A Begreen fornecerá bolsas a alunos mestrandos e doutorando para a elaboração de pesquisas para a aplicação dos fertilizantes verdes.
O projeto está previsto para ser operacional até o primeiro semestre de 2026, com a sintetização da amônia (NH3) a partir de hidrogênio (H2) e da captação do nitrogênio (N) do ar.
“A expectativa é que as lavouras tenham um crescimento de até 20% com a utilização da amônia verde”, afirma Fabio Saldanha, sócio-diretor do Migratio Soluções.
Outro objetivo, segundo Saldanha, é produzir diferentes fertilizantes a partir da amônia, adaptados às características do solo e das culturas em questão. Estão na mira milho, trigo e cana de açúcar inicialmente.
Para atender a soja, será necessária outro tipo de formulação, já que seu cultivo não necessita tanto de nitrogênio.
O empresário afirma que os fertilizantes à base de amônia têm a vantagem de serem produzidos na forma líquida, muito mais eficaz em relação aos fertilizantes granulares e tradicionais, já que oxidam e dependem da chuva para terem resultados eficientes.
Previsibilidade de custo e oferta
O agro brasileiro importa mais de 80% dos fertilizantes nitrogenados usados na produção. Este foi um dos principais motivadores para a Torao Participações embarcar no projeto, explica Glauco Souza da Silva, diretor de Operações da empresa.
“A produção será toda destinada a produtores rurais locais em suas culturas de trigo e de milho. “Os empresários do campo poderão substituir a importação de fertilizantes tradicionais, cuja produção e logística, por sinal, são particularmente agressivas ao meio ambiente”, observa.
Luiz Paulo Hauth, diretor presidente da Phama Energias Renováveis e idealizador do projeto, afirma ainda que a amônia verde oferece uma maior previsibilidade de custos ao produtor, quando comparada a outros fertilizantes importados e altamente poluentes.
“No caso dos fertilizantes verdes a serem produzidos, seus insumos estão todos no país e seus preços não oscilam com a variação do dólar ou com os desdobramentos da Guerra na Ucrânia”.
Hauth enxerga a possibilidade de geração de créditos de carbono com a produção e substituição dos fertilizantes fósseis pela amônia verde.