Biocombustíveis

Be8 lança biocombustível drop-in para substituir diesel fóssil

Empresa afirma que produto terá um custo cerca de 50% inferior ao praticado hoje no mercado internacional para o diesel verde (HVO)

Be8 (ex-BSBIOS) lança novo biocombustível drop-in para substituir diesel fóssil em até 100% . Na imagem: Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8, segura longo frasco laboratorial de vidro contendo combustível líquido de cor amarelada; ao fundo, lado a lado, um caminhão, um ônibus, um micro ônibus e um carro (Foto: Divulgação)
Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8 (Foto: Divulgação)

BRASÍLIA – A produtora de biodiesel Be8 (ex-BSBIOS) anunciou nesta segunda-feira (2/10) que está investindo na produção de um novo biocombustível capaz de substituir o diesel de petróleo em até 100% no abastecimento de ônibus e caminhões, sem a necessidade de alterações nos motores.

Exclusivo da companhia, o Be8 BeVant utiliza biodiesel como matéria-prima, mas tem a característica drop-in do diesel verde (HVO), o que permite sua comercialização imediata a preços mais competitivos que o HVO.

Segundo a Be8, o produto será ofertado a um custo cerca de 50% inferior ao praticado hoje no mercado internacional para o diesel verde.

A previsão de início da produção é de 12 meses. A empresa está investindo R$ 80 milhões em P&D e na ampliação de uma linha de produção na unidade de biodiesel de Passo Fundo (RS) com capacidade de 150 milhões de litros/ano. Há ainda a possibilidade de ampliar a produção para a unidade de Marialva (PR).

“Não descartamos estabelecer também licenças de produção para que o Be8 BeVant possa atender toda a demanda que surgir”, conta Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8.

Descarbonização no curto prazo

De acordo com a Be8, o produto já passou pela fase de testes e está liberado para uso em qualquer motor ciclo diesel. Os testes foram feitos em motores Euro V e atendem as exigências Euro VI.

Battistella explica que o biocombustível é voltado para o mercado brasileiro e pretende atender empresas que consomem grandes volumes de óleo diesel tradicional e que estão em busca de soluções para reduzir suas emissões de carbono no curto prazo.

Pode ser usado em geradores de energia, máquinas pesadas de construção civil, agronegócio e terraplanagem, além de ser uma alternativa para setores de logística, transportes coletivo e de cargas nos modais rodoviário, marítimo e ferroviário.

Por ter maior teor de éster, ele reduz até 50% as emissões de CO (monóxido de carbono), até 85% a emissão de materiais particulados e em até 90% de fumaça preta. Já as reduções de emissões de CO2 no ciclo de vida em comparação ao diesel fóssil ficam em até 50%.

“Estamos falando de uma solução imediata, que não depende de investimento em infraestrutura ou troca de motor comparado com outras rotas tecnológicas como hidrogênio, biometano e veículo elétrico, com alto impacto para a despoluição dos grandes centros urbanos no curto prazo”, destaca Battistella.

Nem biodiesel, nem diesel verde

Embora use biodiesel como matéria-prima e tenha a característica drop-in do HVO, a Be8 afirma que o biocombustível é um produto novo, para mercados diferentes, com estratégias distintas.

O BeVant parte das mesmas especificações do biodiesel (metil éster) e passa por bidestilação e um processo patenteado que o caracteriza como um metil éster bidestilado.

Isso aumenta a qualidade e a performance do produto em relação ao biodiesel tradicional, com a condição de ser semelhante ao diesel de petróleo a ponto de poder substituí-lo completamente (drop-in) – só que com uma intensidade de carbono menor.

Por partir das mesmas especificações do biodiesel, o biocombustível já está certificado para entrar no mercado brasileiro. Mas como é um produto premium, seu custo é maior que o do biodiesel, por isso, a expectativa da Be8 é fechar contratos direto com empresas que já estão investindo na descarbonização da frota.

Além disso, ser drop-in o torna um concorrente direto do diesel verde, com a diferença de ser mais barato e poder ser produzido e ofertado em um ano, a partir da adaptação das usinas de biodiesel – o que demanda menos investimentos que uma biorrefinaria, que demora cerca de cinco anos para ficar pronta.