BRASÍLIA — A Bayer está apostando na diversificação do mix de combustíveis para zerar suas emissões de carbono até 2030. Em 2022, a multinacional de saúde e agricultura conseguiu reduzir 843 toneladas de CO2 em suas operações, com a substituição de parte da frota a diesel por veículos movidos a gás natural veicular (GNV) e/ou biometano, além de elétricos.
Há dois anos, a Bayer implementou o programa Ecorrota de ponta a ponta para incluir rotas energéticas com eficiências variadas na logística da empresa. Nele, são avaliadas as características específicas de cada modal.
“A iniciativa Ecorrota trabalha com um mix de opções, entendendo que não há nenhuma opção perfeita para todos os casos, rotas ou estados, de acordo com as características de infraestrutura, autonomia, capacidade, e disponibilidade do próprio combustível”, explica a empresa alemã à agência epbr.
Na primeira fase do projeto, ainda em 2021, houve a inserção da rota ferroviária entre São Paulo e Mato Grosso. Foi realizada também a primeira entrega com a utilização de um caminhão movido 100% a eletricidade, uma parceria com a transportadora Grupo Toniato.
Além do serviço de entregas, a iniciativa atende diferentes fases da cadeia produtiva, como a manufatura. O uso de caminhões elétricos está sendo aplicado dentro da fábrica de Belford Roxo (RJ), por exemplo.
Atualmente, o programa conta com ações que já abrangem os estados de São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo a marca, os resultados até agora foram “positivos, com zero impacto na continuidade do negócio e sem aumento de custos”.
A Ecorrota não se limita apenas à mudança parcial por opções menos poluentes, mas busca a inclusão de outros meios de transporte, como os modais ferroviários para transportar cargas pesadas por longas distâncias. “Na relação versus peso, são até 53% mais limpos do que os caminhões tradicionais”, afirma a companhia.
Somente com a adoção do modal ferroviário, ano passado foi reportada uma redução de custos de R$ 1,1 milhão.
A meta de ser carbono neutro até 2030 engloba apenas as operações próprias (escopo 1 e 2) da Bayer. Para o escopo 3, a empresa tem a meta de até 2030 reduzir 12,3% em relação a 2019, e se tornar net zero até 2050 — envolvendo a cadeia de valor completa.
Aposta em diversificação
O setor rodoviário comercial libera 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono (MtCO2) anualmente para a atmosfera, sendo 8% das emissões provenientes do Brasil.
Cortar emissões do segmento exigirá a substituição do diesel e o mercado já está trabalhando em um mix de soluções, desde o desenvolvimento e oferta de novos combustíveis, até a fabricação de motores que podem operar com essas diferentes alternativas.
Para Fernando Martins, sócio da consultoria Bain & Company Brasil, a grande oportunidade para alcançar zero emissões consiste em utilizar todas as opções energéticas disponíveis, ou seja, adequá-las a cada situação ou aplicação.
Ele participou de um evento sobre os caminhos para a descarbonização do modal rodoviário realizado pela Scania, em parceria com a Bain & Company Brasil e o Pacto Global da ONU no Brasil no mês passado.
“Os caminhões a hidrogênio, que vêm sendo desenvolvidos, são muito importantes para longas distâncias e cargas pesadas. Por questões de praticidade, os caminhões a bateria não vão funcionar para fazer isso, pois exigem tempo de carregamento. Os elétricos são importantes para o transporte urbano, portanto, para pequenas distâncias […] Já as frotas a biometano são indicadas para distâncias médias, de 200 a 400 quilômetros”, comentou.