Biocombustíveis

Amaggi avalia usar 100% de biodiesel em frota própria

Projeto da companhia aguarda avaliação da ANP e pode envolver até 300 caminhões de frota cativa, após multinacional do agronegócio entrar na produção de biodiesel

Amaggi avalia usar 100% de biodiesel em frota própria. Na imagem: Caminhão Scania, da série R, durante colheita mecanizada de cana-de-açúcar (Foto: Carlos Biagini/Scania)
Caminhão Scania, da série R, durante colheita mecanizada de cana-de-açúcar (Foto: Carlos Biagini/Scania)

BRASÍLIA – A Amaggi, multinacional brasileira de grãos, solicitou a autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para utilizar, de maneira experimental, 100% de biodiesel (B100) em sua frota própria.

O projeto coincide com a entrada da companhia no mercado de biodiesel, com uma usina com capacidade autorizada de 1 milhão de litros por dia, em Lucas do Rio Verde (MT).

A nova linha de negócios começou a ser estruturada a partir de 2019, associada à planta existente de esmagamento de soja.

O projeto pode envolver até cerca de 300 caminhões. A Amaggi estima que o consumo total por veículo pode chegar a cinco mil litros de biocombustível por mês, limitado a 36 milhões de litros ao longo de 24 meses.

Os experimentos serão realizados em modelos graneleiros R500 6×4 da Scania, com motores no padrão Euro V.

Motores podem ser convertidos para B100, diz Scania

A Scania garante que os motores dos caminhões, já habilitados a operar com diesel B, podem ser convertidos para a utilização de B100, desde que o biocombustível esteja em conformidade com especificações da ANP.

A montadora também afirma que serão necessários ajustes no software dos veículos e no intervalo de manutenção para o funcionamento com 100% de biodiesel.

“O uso de combustível B100 em veículos não convertidos pode trazer impactos negativos como o entupimento de filtro e danos ao sistema de pós-tratamento de gases”, avaliou a Scania. A garantia é dada mediante o uso de um sistema proprietário de conversão.

As informações constam no pedido de autorização enviado à ANP. Procurada pela epbr, a Amaggi não quis se manifestar sobre o pedido.

A anuência da ANP é necessária em razão do uso acima do percentual mínimo regulado pela agência. A adição obrigatória de biodiesel ao diesel, vigente, é de 12% (B12).

A agência estabelece, em resolução, a exigência de permissão prévia para o uso específico de biodiesel, dispensada na hipótese do consumo mensal do combustível testado ser inferior a 10 mil litros.

Além da qualidade, a oferta e demanda de biodiesel é regulada pela ANP. Distribuidoras e produtores devem seguir uma série de regras para garantir o atendimento à mistura obrigatória.

A empresa já obteve manifestação favorável do Ibama para a utilização de biodiesel puro na frota cativa. O projeto prevê a apresentação de análises comparativas de emissão de poluentes entre os veículos testados com B100 e os movidos a diesel S10.