Energia

"Átomos para a paz": marco do uso pacífico da energia nuclear completa 70 anos

Desmistificar percepções negativas da fonte é um desafio crucial, escreve Marco Antonio Alves

“Átomos para a paz”: marco global do uso pacífico da energia nuclear completa 70 anos neste ano. Na imagem: Obras de construção da usina nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis, RJ (Foto: Divulgação Eletronuclear)
Obras de construção de Angra 3, em Angra dos Reis, RJ (Foto: Divulgação Eletronuclear)

Há sete décadas, o discurso marcante “Átomos para a Paz”, proferido pelo então presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, inaugurou uma visão otimista sobre o uso da energia nuclear.

Entre os marcos relevantes conquistados após o episódio, estão a criação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a promoção do uso desta fonte na geração de eletricidade limpa.

Como pode ser observado no livro em quadrinho “O mundo sem fim”, dos autores Jean-Marc Jancovici e Christophe Blain, o mundo passa por mudanças radicais na atualidade em função da crise climática e, as consequências, já podem ser observadas no nosso dia a dia.

Prova disso é o calor extremo que sentimos sem nem mesmo termos chegado ao verão, além da crise hídrica vivida em estados do nosso país. Mas qual a relação disso com o discurso?

É importante ressaltar que para enfrentar esses e outros desafios em busca da descarbonização do planeta, precisamos investir em energia limpa, como a nuclear, capaz de reduzir a emissão de gases do efeito estufa. As palavras de Eisenhower podem, assim, ser consideradas o pontapé para o reconhecimento do potencial desta tecnologia.

Torna-se igualmente necessário pontuar que a criação da AIEA contribuiu e continua desempenhando papel crucial para o setor. Desde 1957, a agência realiza a supervisão e promoção do uso pacífico da matriz, fortalecendo a cooperação internacional dos fins civis desta fonte energética tão eficiente.

Para se ter uma ideia da utilização desta matriz energética, em todo o mundo, há 441 reatores nucleares em operação, com capacidade de gerar 395.103 megawatts/hora (MW), segundo dados da Agência Internacional de Energia AIEA, divulgados em junho de 2022. Na América Latina, três países produzem energia nuclear: Brasil, México e Argentina.

Avanços em segurança e benefícios

Apesar dos benefícios, a energia nuclear enfrenta resistência devido a percepções negativas. Desmistificar essas visões é um desafio crucial. A educação pública sobre os avanços em segurança nuclear e a transparência dos usos dessa tecnologia são passos essenciais para construir uma compreensão mais equilibrada.

O Brasil conta com duas usinas, Angra 1 e 2, com capacidade de geração na de 1.990 MW que são operadas pela Eletronuclear. A empresa de economia mista responde pela geração de aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no país.

Essa energia chega aos principais centros consumidores do Brasil e corresponde a mais de 30% da eletricidade consumida no estado do Rio de Janeiro, proporção que se ampliará consideravelmente quando a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) estiver concluída.

A nova unidade com potência de 1.405 megawatts, será capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts/hora por ano.

Cobrimos por aqui:

Dessa forma, a data da celebração do discurso pode ganhar uma nova roupagem, na medida em que significa não apenas “átomos para a paz”, que desmobiliza o uso violento da tecnologia, mas também “átomos para um planeta mais verde”. É uma oportunidade de reflexão, e ação, rumo a um futuro em que a energia nuclear seja reconhecida como uma fonte limpa e uma aliada na mitigação das crises climáticas.

Marco Antonio Alves é superintendente de Comunicação Institucional da Eletronuclear.